quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sucesso da civilização inca se deve a dejetos de lhamas, diz estudo

Restos deixados pelos animais teriam sido cruciais para a transição dos incas à agricultura.



Machu Picchu, a famosa cidade inca nos Andes peruanos, celebrará em julho o centenário de sua "descoberta" pelo mundo exterior, em um evento imponente, mas há indicativos de que as origens do local tenham sido menos glamourosas.

Segundo pesquisa publicada no periódico Antiquity, especializado em arqueologia, a civilização inca pode ter crescido e evoluído graças aos dejetos das lhamas.

Foi a transição da caça e coleta à agricultura, 2,7 mil anos atrás, que permitiu aos incas se acomodar e prosperar na área de Cuzco onde fica Machu Picchu, diz o autor do estudo, Alex Chepstow-Lusty.

O pesquisador do Instituto Francês de Estudos dos Andes em Lima afirma que o desenvolvimento da agricultura e o plantio de milho é um fator crucial para o crescimento de civilizações. "Cereal faz as civilizações", diz.

Chepstow-Lusty passou anos analisando os depósitos orgânicos na lama de um pequeno lago chamado Marcaccocha, que fica localizada entre uma selva e Machu Picchu.

Sua equipe encontrou uma correlação entre as primeiras aparições de colheitas de milho entre 7000 a.C. - o que mostra a primeira vez que o cereal teria sido plantado naquela altitude - e um aumento vertiginoso no número de parasitas que se alimentam de excrementos animais.

Os pesquisadores concluíram que a transição ampla à agricultura só foi possível com um ingrediente extra: fertilizantes orgânicos usados em grande escala.

Em outras palavras, muitos dejetos de lhamas.

Faz muito tempo que a civilização acabou, destruída por conquistadores espanhóis nos anos 1500. Mas seus descendentes, os quéchuas, ainda usam os dejetos de lhama como fertilizantes e como combustível para aquecimento.

"O vale está repleto de indígenas que seguem esse estilo de vida de 2 mil anos", relata Chepstow-Lusty.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Tumba do general de Tutancâmon está aberta ao público

A tumba da necrópole de Saqqara conserva relevos que contam a história e as conquistas de Horemheb


CAIRO - A tumba do general Horemheb, que comandou o Exército de Tutancâmon antes de se tornar faraó, está aberta para visitação a partir de segunda-feira, 23, junto a outros cinco sepulcros de nobres do Império Novo (1539-1075 a.C) do Antigo Egito.

Situada à sombra da pirâmide escalonada de Djoser, a mais antiga do Egito, a tumba da necrópole de Saqqara ainda conserva relevos que contam a história e as conquistas de Horemheb quando era comandante do Exército de Tutancâmon (1336-1327 a.C.).

Nas paredes das três salas, podem-se ver hieróglifos que narram a vida deste general de origem humilde, que se tornou o faraó que devolveu ao Egito a normalidade depois dos conturbados anos do reinado de Akenatón.

O ministro de Estado para as Antiguidades egípcio, Zahi Hawas, com seu inseparável chapéu de abas largas ao estilo Indiana Jones, guiou os jornalistas através da tumba, que começou a ser escavada em 1975.

Sob um calor sufocante e diante dos olhares atentos dos policiais, que vigiavam o local montados em camelos, Hawas apresentou as outras cinco tumbas que formam o único complexo funerário do Império Novo em Saqqara, onde a maioria de sepulcros pertence ao Império Antigo (2575-2150 a.C.).

Tais sepulturas pertencem ao tesoureiro de Tutancâmon, Maya; aos nobres Merineiz e Phahemia; à família Raia (pai e filho); e ao militar Tia, que foi subordinado a Ramsés II (1304 a.C. a 1237 a.C.).

Hawas reiterou que os túmulos são "únicos" porque revelam como os nobres do Império Novo queriam ficar perto da antiga capital egípcia de Mênfis, perto de Saqqara, embora a nova capital se encontrasse em Tebas, a atual Luxor, quase 700 quilômetros ao sul. Estes sepulcros sofreram inúmeros saques durante o século XIX, e muitos de seus tesouros foram tirados do Egito.