sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Quilombo urbano na região de Campinas.


Fica na região de Campinas, em São Paulo, a primeira comunidade quilombola fora da área rural a ser reconhecida oficialmente. São cerca de150 descendentes de escravos, reunidos em 34 casas


O cheiro de feijão com toucinho sendo cozido no fogão a lenha invade o lugar. É quase hora do almoço. Sentada num banco embaixo de uma das dezenas de árvores ao redor de sua casinha simples, Tia Aninha apóia-se na bengala. Os raios de sol atravessam frestas entre as folhas verdes e a luz toca o rosto que 70 anos de idade não conseguiram marcar com rugas. Na cabeça, um lenço, amarrado feito turbante, lembra as imagens das velhas escravas dos filmes e novelas. Altiva, cintura reta, Ana Teresa Barbosa da Costa é praticamente desconhecida pelo nome que recebeu na pia batismal. Acostumada a ser chamada de tia por todo mundo, ela é a mais antiga moradora do Quilombo Brotas, em Itatiba, na região de Campinas, interior de São Paulo, o primeiro em área urbana a ser reconhecido oficialmente no País. Tia Aninha tornou-se uma espécie de matriarca do lugar: bisneta do casal que iniciou a história desse quilombo, ela guarda a trajetória de seu povo e distribui a bênção diária a todos os moradores.

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