sábado, 11 de dezembro de 2010

E em três lotes, vendeu o Brasil inteiro.





Noel Rosa, que hoje chega ao centenário







Não se trata de um leilão de privatização, desses que quase liquidaram o patrimônio nacional a preço de banana, na década de 1990. No caso em tela, em 1932, o leiloeiro era um jovem de 22 anos, magricela, com um problema na mandíbula resultado de um parto a fórceps, chamado Noel de Medeiros Rosa. Nesse samba, de resto politicamente incorreto (em tempos em que isso simplesmente inexistia), Noel colocava à venda, em três lotes, uma mulata, um violão e um samba e a partir deles pretendia definir todo o Brasil.
Noel, jovem de classe média do bairro carioca de Vila Isabel, nascido em 11 de dezembro de 1910 e que hoje chega ao centenário, foi um grande inovador da música brasileira. Viveu apenas 26 anos e deixou um verdadeiro tesouro de grandes composições, onde podemos destacar alguns clássicos de nosso cancioneiro, como Feitio de Oração, Feitiço da Vila, Palpite infeliz, Com que roupa?, Conversa de botequim, Não tem tradução, As Pastorinhas, Último desejo, João Ninguém, Três Apitos, entre tantas outras de suas mais de 200 músicas, que encheriam todo o volume desse breve texto e ainda faltaria espaço.






Auto-caricatura de Noel







A inteligência de suas letras, o talento de suas músicas, a felicidade de suas muitas parcerias e a qualidade de seus inúmeros intérpretes trouxe uma fabulosa crônica da vida carioca das décadas de 1920 e 30, com tiradas marcadas pelo mais refinado bom humor e pela observação arguta dos costumes, como em Coisas Nossas, um divertido retrato de sua época. Suas muitas paixões também garantiram algumas das músicas mais marcadas pelos sentimentos, sem render ao estilo piegas que grassa em boa parte da música que costuma a se praticar nos dias que correm.




Álbum triplo gravado por Aracy de Almeida, uma das grandes intérpretes da obra de Noel





Noel Rosa chega jovem e atual ao centenário, além de ser testemunho de um de nossos maiores tesouros: a nossa vasta e diversificada cultura musical. Um país que conseguiu e ainda consegue produzir algo de tal qualidade não precisa apostar na sua própria inviabilidade, no seu fracasso estrutural, como tentaram nos fazer crer os leiloeiros falsos em tempos recentes. Viva Noel.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Doze esfinges são achadas em avenida entre templos egípcios














Uma das 12 efinges encontradas no Cairo, Egito; as estátuas tem corpo de leão e cabeça humana ou de carneiro


Uma equipe de arqueólogos descobriu 12 novas esfinges, estátuas com corpo de leão e cabeça humana ou de carneiro, na antiga avenida que unia os templos faraônicos de Luxor e Karnak, a 600 quilômetros ao sul do Cairo, no Egito.

Segundo um comunicado do Conselho Supremo de Antiguidades, estas esculturas datam da época do último rei da 30ª dinastia (343-380 a. C.).

A avenida, ladeada por uma dupla fila de esfinges que representavam o deus Amon, tem cerca de 2.700 metros de comprimento e 70 de largura e foi construída por Amenhotep 3º (1372-1410 a.C.) e restaurada, posteriormente, por Nectanebo 1º (380-362 a.C.).

Por outro lado, os arqueólogos descobriram também um novo caminho que une a avenida onde foram achadas as estátuas, com o rio Nilo.

A nota explica que, até o momento, só foram desenterrados 20 metros dos 600 que compõem o novo caminho, e que continuam as escavações para descobrir o resto deste trajeto, construído com pedra de arenito, um sinal da importância que tinha em seu tempo, esclarece o comunicado.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mais do que um café com leite à mesa eleitoral


Em Republicanismo e Federalismo, a historiadora Rosa Godoy demonstrou os complexos arranjos de poder que marcaram a politica dos governadores na República Velha.



Um certo vício historiográfico, de reduzir a política brasileira da primeira república (também conhecida por República Velha) a uma mera troca de poderes e cargos entre São Paulo e Minas Gerais, implica numa dificuldade em entender dois componentes fundamentais da estrutura política brasileira: o federalismo e a presença das classes populares.
Os arranjos de poder, embora tivessem um componente central nos Estados economicamente hegemônicos, não podia prescindir das composições mais miúdas, com os poderes de Estados de menor poder econômico ou com influências locais representativas. Some-se a isso que essa política dos Estados – conhecida como política dos governadores – não deixava de receber um efeito complicador, com a presença dos mais diversos grupos sociais em disputa, para além dos estreitos quadros das elites regionais. Embora os movimentos sociais não dispusessem de um poder de fogo que possa ser superdimensionado, não podemos desprezar sua presença no tabuleiro político da República Velha.
Assim, a realização das eleições presidenciais e a composição subseqüente dos ministérios, implicava na necessidade de atender a uma complexa rede de poderes, que contemplasse as forças hegemônicas, mas que também acomodassem os grupos de menor poder de fogo, cujo apoio era indispensável para possibilitar estabilidade política. O equilíbrio de poder era mais precário do que a simples idéia de uma locomotiva carregando um monte de vagões vazios, como a elite econômica paulista propagandeava aos quatro ventos, para exaltar a pujança da terra bandeirante. Na hora de dividir o bolo de poder, algum naco deveria contemplar os grupos locais, por mais desprezíveis que eles pudessem parecer aos homens da paulicéia. Na hora em que a população mais pobre ameaçasse se manifestar e desafiar privilégios, os pretensos requintados barões do café ou os toscos coronéis do interior se uniam para garantir a exclusividade de seu mando.

Em Poder Local e Ditadura Militar, a historiadora Monique Cittadino demonstrou como o poder central precisou transacionar com poderes locais, mesmo de Estados de maior fragilidade econômica.





Mesmo nos momentos de extrema centralização do poder em torno do Executivo Federal (no Estado Novo e na ditadura militar), o concurso de grupos de apoio ao poder central era essencial para garantir as bases de exercício da dominação política. Getúlio Vargas ou os militares tiveram que se defrontar com situações, muitas vezes incômodas, para equilibrar e tentar atender as demandas de seus próprios grupos de sustentação.
Colocando em perspectiva as eleições de 2010, podemos concluir em largas pinceladas que o coquetel que compõe o poder conta com a presença efetiva das profundas e complexas diferenças regionais expressas pelo nosso peculiar federalismo, além da presença cada vez “perturbadora” das classes populares no cenário político, o que tolda as simplistas visões daqueles que pensam que tudo nesse país se resolve exclusivamente no espigão da Avenida Paulista.

Em "Quando novos personagens entraram em cena", o sociólogo Éder Sáder demonstrou a presença cada vez mais significativa dos movimentos sociais e das classes populares no cenário político brasileiro.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Os Abutres da Montanha

Alívio em relação ao drama humano.







“Em 1860 foi promulgada a lei de inspeção das minas que previa a fiscalização delas por funcionários especialmente nomeados para esse fim... Essa lei ficou sendo letra morta em virtude do número ridiculamente ínfimo dos inspetores nomeados, dos escassos poderes que lhes foram conferidos e de outras causas que serão objeto de nosso exame”
Karl Marx, O Capital. (1867)


Não há segredos que um dos mais periculosos trabalhos desempenhados por seres humanos é o que acontece em minas, nas quais se extraem riquezas minerais diversas e onde acontecem dramas aterrorizantes, como explosões, soterramentos e mortes, divulgados quase que diariamente pelos meios noticiosos. Também não é segredo dos mais recônditos que a ânsia de lucros, leva as grandes mineradoras (como, de resto, muitas empresas nesse velho e bom mundo capitalista, inclusive em sua modalidade chinesa) a maximizarem a exploração do trabalho e a se descuidarem dos custos mais básicos de segurança dos trabalhadores.
Ao discutir a legislação fabril inglesa na segunda metade do século XIX, Marx já chamava atenção para a precariedade do trabalho nas minas e a inexistência de uma fiscalização rigorosa das condições de trabalho em seu interior. Esse diagnóstico chega a ganhar bastante atualidade, mesmo depois de mais de um século que nos separa dos escritos acima.
O Chile, que reúne uma vasta reserva de riquezas minerais, tem uma atribulada história nesse sentido. É bem conhecido o massacre de cerca de 3.600 mineiros de salitre na cidade de Iquique, em 1907, celebrizado pela Cantata Popular de Santa Maria de Iquique, de autoria de Luis Advis e gravada pelo Grupo Quilapayun, em 1970. Esses mineiros, mobilizados para reivindicar melhorias em suas condições de vida e trabalho, se refugiaram na Escola de Santa Maria daquela cidade, onde acabaram sendo chacinados pela repressão desencadeada pelas autoridades, que acobertaram os interesses dos donos das mineradoras e dos setores fabris e comerciais a eles associados.

Na Cantata, a lembrança da brutal repressão aos mineiros de Iquique, no início do século XX.












Três anos após a gravação da cantata, lançada durante o governo socialista de Salvador Allende, o Chile sofreu um brutal golpe de estado em 11 de setembro de 1973, comandado pelo famigerado general Pinochet (um dos maiores carrascos do século XX), que desencadeou uma feroz repressão aos opositores de vários matizes e aos movimentos de trabalhadores. Entre os financiadores do golpe, estavam grandes empresas mineradoras, como a norte-americana Anaconda, que também recebeu apoio direto do governo de Washington para “salvar a democracia” através de uma ditadura das mais sombrias que já se abateu sobre o nosso continente.
No recente drama dos mineradores chilenos soterrados e salvos com sucesso, acompanhado com suspense pelas pessoas em todo o mundo, além da grandiosa questão da dimensão humana envolvida na luta pela sobrevivência, estão contidos todos os ingredientes que caracterizam esse tipo de situação e que provém de uma longa duração do nosso sistema de produção de riquezas sob a égide do capital: intensa exploração dos trabalhadores, precariedade das condições de segurança em função da redução de custos pelas gestões “modernas” das empresas, pouco caso ou cumplicidade das autoridades responsáveis pela fiscalização. Some-se a isso um aspecto que Marx apenas entreviu em meados do oitocentos, mas que mostra toda a sua desenvoltura nos dias que correm: a manipulação intensa dos acontecimentos pelos meios de comunicação, que massificam o acontecimento, mas escamoteiam questões essenciais.
Para além do drama humano e do verdadeiro heroísmo desses trabalhadores – um dos aspectos profundamente edificantes dessa história – se escondem interesses sórdidos, a respeito dos quais muitas verdades têm de ser apuradas. A exaltação patrioteira comandada pelo Presidente Piñera, tenta obliterar a necessidade de investigações muito rigorosas, que levem à punição efetiva dos responsáveis pela quase tragédia que terminou bem, para alívio de todos nós. O exame das questões ligadas à cupidez da empresa e à leniência das autoridades precisam vir à luz do dia, assim como os mineiros que foram tirados das profundezas da terra.


Em A Montanha dos Sete Abutres, um jornalista sedento por fama, não hesitou em explorar a tragédia de um mineiro soterrado.


Em 1951, o grande ator Kirk Douglas estrelou o filme “A Montanha dos Sete Abutres”, no qual desempenhou o papel de um medíocre e inescrupuloso jornalista de uma pequena cidade nos rincões do Novo México, que ficou sabendo que um trabalhador mineiro havia sido soterrado numa velha mina. Aproveitando-se da boa fé e da confiança do trabalhador, o jornalista manipulou o drama em função de sua própria notoriedade, sendo responsável pelo trágico desfecho final da trama. Não é segredo para ninguém que a carniça cheira mal e longe e que muitos abutres já estão se aproximando dos trabalhadores resgatados e de suas famílias, farejando oportunidades de grandes e suculentos negócios (promoção política, venda de produtos, produção de filmes de sucesso etc.). A nossa expectativa é que, passado o drama e encerrada a exploração midiática, verdadeiras providências sejam tomadas para garantir a integridade desses trabalhadores (potenciais vítimas da exploração e posterior descarte de suas imagens) e de outros, que continuam a se arriscar diariamente nos recônditos da terra e estão sujeitos a acidentes com desfechos mais trágicos, para propiciar o conforto de nosso bom e velho mundo capitalista.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Estrada no deserto leva a descoberta no Egito

Cálculos de impostos em pedaço de cerâmica recuperado pelo casal Darnell



Casal de arqueólogos faz novas descobertas viajando por estradas abandonadas no deserto ocidental egípcio.

Ao longo das duas últimas décadas, John Coleman Darnell e sua esposa, Deborah, caminharam e dirigiram por trilhas de caravanas a oeste do Nilo, partindo dos monumentos de Tebas – cidade hoje chamada de Luxor. Essas e outras estradas desoladas, castigadas pelo tráfego milenar de humanos e burros, pareciam levar a lugar nenhum.

Fazendo o que eles chamam de arqueologia de estradas desertas, os Darnells encontraram porcelanas e ruínas em locais onde soldados, mercadores e outros viajantes acamparam na época dos faraós. Num penhasco de calcário com uma encruzilhada, eles se depararam com um quadro de cenas e símbolos, algumas das mais antigas documentações da história egípcia. Em outro local, eles encontraram inscrições consideradas os primeiros exemplos da escrita alfabética.

Cidade no deserto

Zahi Hawass, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades, afirmou que os arqueólogos encontraram extensas ruínas de uma povoação – aparentemente um centro administrativo, econômico e militar – que floresceu há mais de 3.500 anos no deserto do oeste, 180 quilômetros a oeste de Luxor e 480 quilômetros ao sul de Cairo. Numa época tão antiga, nenhum centro urbano como esse jamais foi encontrado no inóspito deserto.

John Darnell, professor de egiptologia em Yale, disse numa entrevista na semana passada que a descoberta poderia reescrever a história de um período pouco conhecido do passado egípcio e do papel desempenhado pelos oásis, aquelas ilhas de plantas e palmeiras e fertilidade, no renascimento da civilização depois de uma crise negra. Outros arqueólogos não envolvidos na pesquisa afirmaram que as descobertas eram impressionantes e que, assim que for publicado um relato mais detalhado e formal, elas certamente agitarão o mundo acadêmico.

A padaria

Forma dupla para pão.








Foi em 2005 que os Darnells e sua equipe começaram a coletar as evidências que os levariam a uma importante descoberta: ruínas de muros de tijolos, pedras amoladoras, fornos com montes de cinzas e moldes de pão quebrados.

Descrevendo a meia tonelada de artefatos de padaria coletada, além de sinais de uma guarnição militar, John Darnell disse que a povoação estava “assando pão suficiente para alimentar um exército, literalmente”. Isso inspirou o nome do sítio, Umm Mawagir. A frase em árabe significa “mãe dos moldes de pão”.

“Agora sabemos que existe algo grande em Kharga, e isso é muito instigante”, disse Darnell. “O deserto não era uma terra de ninguém, não era o oeste selvagem. Era selvagem, mas não desorganizado. Se você quisesse se envolver com o comércio no deserto do oeste, era preciso lidar com o povo do oásis de Kharga”.

Encontrar uma comunidade aparentemente robusta como centro de atividade de grandes rotas de caravanas, segundo Darnell, deve “nos ajudar a reconstruir uma imagem mais elaborada e detalhada do Egito durante um período intermediário” – após o chamado Império Médio e logo antes do surgimento do Império Novo.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Templo com mais de 3 mil anos é descoberto na Jordânia


Estatuetas do templo moabita de 3000 anos descoberto na Jordânia






A localização de um templo moabita de 3 mil anos foi anunciada hoje pelo Departamento de Antiguidades jordaniano, que classificou a descoberta como uma das mais importantes da Idade do Ferro (que se estendeu de 1.500 a 27 a.C.).

No templo de três andares e cuja construção acredita-se tenha ocorrido entre o período 1.200 e 600 a.C. foram encontradas mais de 300 peças.

A análise indica que existe a possibilidade de a construção fazer parte de um centro político e religioso do reino de Moabe, como detalhou o diretor do departamento jordaniano, Ziad Saad.

A descoberta ocorreu próximo à cidade de Dhiban, a 50 quilômetros ao sul de Amã. "A Idade de Ferro foi um grande e importante período histórico e político no qual reinos fortes alcançaram inúmeros avanços tecnológicos", disse o diretor do Departamento de Antiguidades.

Acredita-se que os moabitas eram tribos pertencentes aos cananeus que se estabeleceram na margem do rio Jordão no século 14 a.C. Seu reino chegou ao fim com a invasão persa, por volta do século 7 a.C.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Arqueólogos descobrem 'casa mais antiga da Grã-Bretanha'


BBC Brasil 11/08/2010 12:03







Arqueólogos anunciaram ter descoberto os restos daquela que pode ser a casa mais antiga do país, habitada por volta de 8.500 A.C.



Pesquisadores das universidades de York e Manchester disseram ter encontrado uma estrutura circular de cerca de 3,5 metros onde, no passado, teria existido uma palhoça de tribos ancestrais de caçadores e coletores. Dentro, os cientistas identificaram um buraco largo, rodeado de pequenas perfurações, onde teriam sido instalados postes.

A estrutura teria contido material orgânico, como junco, e possivelmente teria servido de recipiente para uma fogueira, segundo os pesquisadores. A descoberta foi feita no sítio arqueológico de Star Carr, no condado de North Yorkshire, na costa do nordeste do país, considerado pelos cientistas tão importante quanto Stonehenge.

Até então, os mais antigos restos de uma casa na Grã-Bretanha haviam sido achados em Howick, Northumberland, a cerca de 230 km ao norte de Star Carr. Entretanto, a moradia anunciada agora supera a outra em antiguidade por pelo menos 500 anos, afirmou a equipe.

"Essa é uma descoberta sensacional porque diz muito sobre as pessoas que viveram aqui naquele tempo", disse a arqueóloga Nicky Milner, da Universidade de York, que trabalha em Star Carr desde 2004.

"Por exemplo, parece que a casa pode ter sido reconstruída em diferentes momentos. Também é possível que houvesse mais de uma casa e que muitas pessoas vivessem no mesmo local", explicou.

"Tínhamos a visão de que esses eram povos muito nômades, errantes, mas agora estamos vendo que eram muito mais sedentários e sofisticados. As pessoas viviam no mesmo local por gerações."

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Navio do século XVIII é encontrado nas ruínas do WTC

Parte do casco, que tinha aproximadamente 10 metros.





Funcionários que trabalham na escavação no local onde havia o World Trade Center, em Nova York, descobriram o casco de uma embarcação de 9,75 metros de comprimento, o qual se acredita seja do século XVIII.

O navio foi usado, provavelmente, assim como outros detritos como parte de um aterro para aumentar a ilha de Manhattan sobre o rio Hudson, disseram os arqueólogos.

Os arqueólogos Molly McDonald e Michael A. Pappalardo estavam no local quando os trabalhadores descobriram os artefatos. "Nós percebemos as madeiras trabalhadas em curvas retiradas pela escavadeira", disse Mcdonald, na quarta-feira (14/07). "Nós encontramos rapidamente a balizas do navio e começamos o processo de limpeza que durou dois dias até que o casco pudesse ser visto completamente."

O dois arqueólogos trabalham para a AKRF, empresa contratada para documentar os artefatos descobertos no local. Eles afirmaram que a descoberta de terça-feira (13/07) foi de um valor significativo, mas que ainda é necessário fazer um estudo mais aprofundado para determinar a idade do navio.

domingo, 11 de julho de 2010

Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar... e da bola.

Restituição da Bahia ao Rei Filipe III, de Espanha, e II de Portugal. Óleo de Juan Bautista Maino.



“Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar
o mar é das gaivotas que nele sabem voar”

Milton Nascimento e Leila Diniz (1980)


A decisão da 19ª Copa do Mundo de futebol, que coloca à frente Espanha e Holanda, reedita, num plano simbólico, uma antiga rivalidade que marcou o cenário de um mundo em processo de globalização entre finais do século XVI e primeiras décadas do XVII.
Àquela época, depois das expedições marítimas portuguesas e espanholas que, desde o século XV, possibilitaram a construção dos primeiros impérios coloniais da era moderna, França, Inglaterra e Holanda passaram a disputar a primazia dessas conquistas, o que levou à realização das primeiras grandes guerras em escala mundial. Os conflitos europeus passaram a ser disputados não apenas no solo daquele continente, mas em distantes terras da África, Ásia e América.
No caso holandês, os territórios que compunham as terras baixas ao norte da Europa, marcados pela grande importância comercial e marítima, estavam ligados ao vasto império de Carlos V e Filipe II, que englobava a Espanha, a Alemanha e Portugal (depois da União Ibérica em 1580). Com a difusão do sentimento de independência das províncias unidas dos países baixos (sob a liderança holandesa), associada à expansão do protestantismo naquela região, as lutas pela independência da região uniram razões de ordem política, econômica e religiosa, que prolongaram o conflito durante décadas.
Independentes, as Províncias Unidas dos Países Baixos passaram a atacar possessões coloniais espanholas e portuguesas na Ásia, América e África, travando batalhas em terras longínquas banhadas pelo Atlântico, Índico e Pacífico. Nesses conflitos, os Países Baixos constituíram duas fortes companhias comerciais, a das Índias Orientais e das Índias Ocidentais, que desempenharam papéis estratégicos na construção de um poderoso império colonial e num forte poder marítimo.

Batalha Naval do Cabo Branco. Franz Post.



Essas disputas entre Holanda e Espanha pelos direitos do mar, repercutiram em terras distantes de outros continentes. Batalhas terrestres e navais se realizaram com grande intensidade. Entre 12 e 17 de janeiro de 1640, vários combates navais foram travados entre as armadas holandesa e luso-espanhola nas costas entre Itamaracá e o Rio Grande do Norte. No dia 13, o combate naval do Cabo Branco mobilizou dezenas de embarcações e ficou registrado pelo pintor holandês Franz Post. Hoje a batalha é travada em outras plagas e em outros campos, bem menos violentos que os que levaram Holanda e Espanha a brigarem pelos direitos do mar no longínquo século XVII.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Descoberta tumba que conserva cores vivas após 4 mil anos no Egito

cores luminosas com as quais a "porta falsa" da tumba de Jonso está pintada


Como se tivessem sido pintados ontem, assim podem ser descritas as cores da tumba construída há 4,2 mil anos no sítio arqueológico de Saqara, 25 quilômetros ao sul do Cairo e apresentado pelo chefe do Conselho Supremo de Antiguidades egípcio, Zahi Hawas.

"São as cores mais incríveis jamais encontradas em uma tumba", disse Hawas aos jornalistas, que sob o forte sol de julho tentavam tomar nota das antiguidades encontradas e das explicações do egiptólogo mais famoso do país.

Para chegar a tumba, que na realidade são duas, é preciso percorrer vários quilômetros por uma inóspita pista de areia, de onde é possível ver a pirâmide escalonada do faraó Zoser.

Na cripta descansam os restos de dois altos funcionários da V dinastia faraônica (2500-2350 a.C): Sin Dua, sepultado na sala principal do túmulo, e seu filho Jonso, cujos restos foram depositados em uma sala adjacente à de seu pai.

Estes sepulcros "fazem parte de um enorme cemitério descoberto recentemente na área de Saqara por uma missão arqueológica egípcia que trabalha na região desde 1988", explicou Hawas.

Esta necrópole, da qual não se tinha notícia, como comentou Hawas, se encontra dentro do complexo arqueológico de Saqara, em uma área conhecida como "Yiser al Mudir" e na qual o arqueólogo egípcio espera realizar muitas descobertas.

domingo, 20 de junho de 2010

FUTEBOL E HISTÓRIA NA TRAJETÓRIA DE UM GOLEIRO.


Marcos Carneiro de Mendonça




“e quem, tendo visto a seleção brasileira em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte?”
Eric J. Hobsbawm. Era dos Extremos: o breve século XX.


Nada aparentemente mais distante do que as carreiras esportiva e intelectual, especialmente no que tange à prática do futebol, esporte que se popularizou no Brasil ao longo do século XX. Entretanto, a trajetória de Marcos Carneiro de Mendonça, goleiro do Fluminense e do primeiro selecionado brasileiro de futebol, é bastante singular a esse respeito.

Seleção Brasileira campeã sul-americana em 1919.






Marcos Mendonça, nascido em Cataguases (MG), em 1894, radicou-se no Rio de Janeiro, onde integrou as equipes do América e do Fluminense, na posição de goleiro. Defendeu o primeiro selecionado brasileiro em 1914, que enfrentou o Exeter City, da Inglaterra. Seguiu com a seleção pelos anos seguintes, conquistando os campeonatos sul-americanos de 1919 e 1922.
Ao encerrar a carreira futebolística, tornou-se dirigente do Fluminense e também desenvolveu carreira de historiador, associando-se ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Publicou a importante obra “Raízes da Formação Administrativa do Brasil” (1972), que reúne significativa documentação sobre a administração colonial. Também publicou obras sobre a Amazônia no período pombalino e sobre o governo de D. João VI. Sua magnífica residência no bairro do Cosme Velho, o Solar dos Abacaxis, era ponto de importantes reuniões culturais, onde ele e sua esposa, a poetisa Anna Amélia Mendonça, recebiam intelectuais, políticos, empresários, entre outros convidados. Dona Amélia foi fundadora da Casa do Estudante do Brasil, entidade que promoveu a realização do I Congresso Nacional dos Estudantes, que culminou com a fundação da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Solar dos Abacaxis, residência de Marcos e Amélia Mendonça e local de importante vida cultural.






Considerando a disputa da 19ª Copa do Mundo de Futebol e a condição de popularidade desse esporte no Brasil e na maior parte do mundo, os historiadores precisam estudar melhor esse fenômeno contemporâneo, inclusive com o desenvolvimento de pesquisas sobre acervos de clubes que se extraviam dia a dia. A possibilidade de estudar a história de clubes ligados a categorias profissionais (como ferroviários, eletricitários, entre outras) ou de bairros, pode permitir o desenvolvimento de uma visão mais ampla da prática esportiva – superando o desgastado chavão de sua função alienante – além de permitir entrever aspectos muito significativos e pouco conhecidos de nossa história social.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Arqueólogos encontram 100 vasilhas de 3.500 anos em Israel














JERUSALÉM, 7 Jun 2010 (AFP) -Em torno de cem recipientes de 3.500 anos, utilizados para cerimônias pagãs, foram encontrados no norte de Israel, anunciou nesta segunda-feira uma equipe de arqueólogos.

Essa descoberta, por sua antiguidade e bom estado, é "extremamente rara", explicaram Edwin van den Brink e Uzi Ad, responsáveis pelas escavações que duraram duas semanas em um terreno de depressão natural em um substrato rochoso de Tel Qashish, perto de Haifa.

"Nunca tinha sido descoberto esse tipo de objeto, de 3.500 anos, e é extraordinário encontrá-los em tal estado de conservação", explicaram.

Entre os objetos encontrados está uma vasilha para queimar incenso e um copo adornado com a forma de uma mulher, que pode ter sido utilizado para fazer oferendas ou libações a uma divindade.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Descoberta a tumba mais antiga da América Central












Arqueólogos encontraram no sul do México uma pirâmide contendo a tumba de uma alta autoridade pré-colombiana que pode ser a mais antiga do seu tipo em toda a Mesoamérica, a região que se estende do sul do México até a Costa Rica.

A pirâmide contém quatro esqueletos, indicando um enterro múltiplo realizado há 2,7 mil anos.De acordo com os cientistas, seria o antecedente mais remoto do uso de pirâmides como recintos funerários em toda a região.

Dois dos esqueletos, segundo os cientistas, estariam rodeados de pedras de jade e âmbar, além de objetos valiosos para a época, feitos de cerâmica. Isto indicaria que um deles poderia ser o de um importante líder ou clérigo de Chiapa de Corzo, um proeminente assentamento da época.

domingo, 21 de março de 2010

A EMPAREDADA DA RUA NOVA: UM CENTENÁRIO ROMANCE RECIFENSE















Rua Nova em 1880, poucas décadas após o suposto crime e onde se desenrolou parte substancial da trama. Maurício Lamberg, 1880.


Entre 1909 e 1912 o Jornal Pequeno, em Recife, publicou em folhetim o romance “A Emparedada da Rua Nova”, do escritor Joaquim Maria Carneiro Vilela (1846-1913). O intrigante enredo se referia a uma suposta lenda local, que teria se passado em meados do século XIX, e dava conta de que um enfurecido pai, o rico comerciante português Jaime Favais, teria mandado emparedar viva a sua filha, devido a uma indesejável gravidez resultante de um caso com um aventureiro galanteador, que – de quebra – ainda tivera um romance com a esposa de Favais. O conquistador ainda acaba assassinado a mando de Favais.
Na intrincada trama, Carneiro Vilela faz desfilar uma vasta gama de personagens, das mais altas classes a pessoas imersas na marginalidade e no crime, deixando entrever um convívio promíscuo entre os distintos grupos sociais. Grandes comerciantes, famílias de escol, gente da mais fina qualidade e moradores de imponentes sobrados, dividia seus segredos e intimidades com escravos domésticos, empregados, pessoas das classes mais baixas, habitantes dos mocambos à beira dos manguezais da cidade. É entre esses despossuídos e marginalizados que o abastado comerciante encontra os agentes dos macabros crimes que urde.










Mocambos onde residiam os marginalizados e onde Favais teria recrutado os criminosos. Detalhe de vista a partir dos Coelhos. Litografia de Luís Schlappriz, 1863.

Uma atmosfera geral de hipocrisia estabelecia o forte tom naturalista do romance, no qual Vilela carregava as tintas, especialmente em relação à sua posição anticlerical, denunciando educandários de freiras como antros de fanatismo, atacando diversas irmandades católicas, entre outras. Os personagens, das classes altas e baixas, vão tendo as suas vidas desnudadas e se revela uma profunda corrupção dos mesmos.
À parte o tom polêmico do escrito, “A Emparedada” realiza um rico retrato da sociedade recifense da segunda metade do Oitocentos, a partir da perspectiva de um destacado escritor e jornalista local. Apresentamos artigo mais detalhado sobre esse palpitante romance, que pode ser acessado na coluna de textos autorais, nesse mesmo blog.













Passagem da Madalena, onde os ricos realizavam suas estações de veraneio e tomavam banhos de rio (as pequenas palhoças eram banheiros para os banhistas) e onde se desenrolaram os eventos amorosos que culminaram com o trágico desenlace. Passagem da Madalena. Litografia de Luís Schlappriz, 1863.

Um personagem do Atlântico seiscentista



Retrato de André Vidal, no Museu do Estado de Pernambuco.




Nascido na Paraíba, em data desconhecida no início do século XVII, André Vidal de Negreiros foi um personagem de uma trajetória singular.
Sua origem é pouco clara, algumas fontes disponíveis indicam que o mesmo seria filho de um dono de um pequeno engenho ou lavrador de canas, outras que seu pai era um bombardeiro português, ou ainda um modesto carpinteiro. Seja como for, Vidal assumiu uma destacada posição no agitado mundo colonial português seiscentista.
As primeiras notícias dos biógrafos sobre Vidal, dão conta de sua participação voluntária na resistência contra a invasão holandesa à Bahia, em 1624. Mas ele acabou se notabilizando na resistência ao domínio holandês em Pernambuco e capitanias vizinhas, acabando por se tornar num dos principais chefes do movimento que culminou com a expulsão dos holandeses, após a longa ocupação (1630-1654).
Por consideração aos seus méritos militares, recebeu honrarias diversas e os governos do Maranhão (1655-56), Pernambuco (1657-1661), Angola (1661-1666) e, novamente, Pernambuco (1667). Nessas travessias atlânticas, esteve envolvido ativamente em diversas circunstâncias fundamentais para os destinos do império lusitano no período, como a restauração portuguesa do domínio espanhol após a União Ibérica (1580-1640), as guerras entre as potências européias pelos seus vastos impérios coloniais, as disputas pelo reordenamento da autoridade portuguesa nas Capitanias do norte brasileiro e maranhense, a questão indígena e as disputas entre colonos e missionários pelo controle dos aldeamentos, o tráfico atlântico de escravos e a crise da economia açucareira.
Um personagem de tal significação é objeto de nossas pesquisas recentes, que contam com a publicação de artigo na coletânea “Ensaios sobre a América Portuguesa”, sobre a qual postamos divulgação do lançamento nesse blog, em 13/12/2009.





Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, em Luanda, construída originalmente por Vidal de Negreiros, onde ele mandou enterrar a cabeça do Rei do Congo, D. Antônio I, o Mani Mulaza, o qual havia derrotado na Batalha de Ambuíla, em 1665. Esse episódio foi fundamental para a retomada do controle do tráfico de escravos na região.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Arqueólogos encontram muro de antiga cidade maia


Arqueólogos descobriram local com escrituras e objetos da civilização Maia, em Chiapas


Cientistas do Instituto de Antropologia e História do México (INAH) divulgaram nesta quinta-feira a descoberta de um muro em um sítio arqueológico maia no no sul do estado de Chiapas. Junto ao muro estava uma estátua do hierarca mais poderoso da antiga cidade de Toniná, cujo nome não foi divulgado.
Segundo informações da agência EFE, os pesquisadores relataram ter encontrado no local também textos glíficos com o nome do hierarca da antiga civilização. Os textos ainda não foram decifrados.

Escavações em Jerusalém descobrem via pública de 1,5 mil anos














Restos de uma casa foram encontrados na antiga cidade de Jerusalém


Escavações na Cidade Antiga de Jerusalém confirmaram a existência de uma importante via pública construída há 1,5 mil anos que aparece descrita no conhecido mosaico de Madaba, um mapa da cidade santa. A descoberta ocorreu durante as obras de restauração na cidade antiga realizada pela Autoridade de Desenvolvimento de Jerusalém, informou em comunicado a Autoridade para Antiguidades de Israel, organismo encarregado pela proteção do patrimônio.
O Mapa de Madaba, um mosaico antigo encontrado na igreja homônima na Jordânia que data do século VI e VII, mostra Jerusalém do período bizantino, onde é possível apreciar a cidade rodeada por muralhas. No mapa aparece uma porta no oeste da cidade que levava a uma única via pública.
Até o momento não se tinha conhecimento da rua principal descoberta recentemente, que os arqueólogos acreditam ter se tratado de uma via comercial do período em que a cidade passou do paganismo ao cristianismo. "De fato, após retirar várias camadas arqueológicas, a uma profundidade de 4,5 m abaixo do nível da rua de hoje em dia, para nossa surpresa, descobrimos os grandes ladrilhos que pavimentavam a via", afirma o diretor das escavações, Ofer Sion.