domingo, 21 de março de 2010
Um personagem do Atlântico seiscentista
Retrato de André Vidal, no Museu do Estado de Pernambuco.
Nascido na Paraíba, em data desconhecida no início do século XVII, André Vidal de Negreiros foi um personagem de uma trajetória singular.
Sua origem é pouco clara, algumas fontes disponíveis indicam que o mesmo seria filho de um dono de um pequeno engenho ou lavrador de canas, outras que seu pai era um bombardeiro português, ou ainda um modesto carpinteiro. Seja como for, Vidal assumiu uma destacada posição no agitado mundo colonial português seiscentista.
As primeiras notícias dos biógrafos sobre Vidal, dão conta de sua participação voluntária na resistência contra a invasão holandesa à Bahia, em 1624. Mas ele acabou se notabilizando na resistência ao domínio holandês em Pernambuco e capitanias vizinhas, acabando por se tornar num dos principais chefes do movimento que culminou com a expulsão dos holandeses, após a longa ocupação (1630-1654).
Por consideração aos seus méritos militares, recebeu honrarias diversas e os governos do Maranhão (1655-56), Pernambuco (1657-1661), Angola (1661-1666) e, novamente, Pernambuco (1667). Nessas travessias atlânticas, esteve envolvido ativamente em diversas circunstâncias fundamentais para os destinos do império lusitano no período, como a restauração portuguesa do domínio espanhol após a União Ibérica (1580-1640), as guerras entre as potências européias pelos seus vastos impérios coloniais, as disputas pelo reordenamento da autoridade portuguesa nas Capitanias do norte brasileiro e maranhense, a questão indígena e as disputas entre colonos e missionários pelo controle dos aldeamentos, o tráfico atlântico de escravos e a crise da economia açucareira.
Um personagem de tal significação é objeto de nossas pesquisas recentes, que contam com a publicação de artigo na coletânea “Ensaios sobre a América Portuguesa”, sobre a qual postamos divulgação do lançamento nesse blog, em 13/12/2009.
Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, em Luanda, construída originalmente por Vidal de Negreiros, onde ele mandou enterrar a cabeça do Rei do Congo, D. Antônio I, o Mani Mulaza, o qual havia derrotado na Batalha de Ambuíla, em 1665. Esse episódio foi fundamental para a retomada do controle do tráfico de escravos na região.
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