domingo, 11 de julho de 2010

Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar... e da bola.

Restituição da Bahia ao Rei Filipe III, de Espanha, e II de Portugal. Óleo de Juan Bautista Maino.



“Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar
o mar é das gaivotas que nele sabem voar”

Milton Nascimento e Leila Diniz (1980)


A decisão da 19ª Copa do Mundo de futebol, que coloca à frente Espanha e Holanda, reedita, num plano simbólico, uma antiga rivalidade que marcou o cenário de um mundo em processo de globalização entre finais do século XVI e primeiras décadas do XVII.
Àquela época, depois das expedições marítimas portuguesas e espanholas que, desde o século XV, possibilitaram a construção dos primeiros impérios coloniais da era moderna, França, Inglaterra e Holanda passaram a disputar a primazia dessas conquistas, o que levou à realização das primeiras grandes guerras em escala mundial. Os conflitos europeus passaram a ser disputados não apenas no solo daquele continente, mas em distantes terras da África, Ásia e América.
No caso holandês, os territórios que compunham as terras baixas ao norte da Europa, marcados pela grande importância comercial e marítima, estavam ligados ao vasto império de Carlos V e Filipe II, que englobava a Espanha, a Alemanha e Portugal (depois da União Ibérica em 1580). Com a difusão do sentimento de independência das províncias unidas dos países baixos (sob a liderança holandesa), associada à expansão do protestantismo naquela região, as lutas pela independência da região uniram razões de ordem política, econômica e religiosa, que prolongaram o conflito durante décadas.
Independentes, as Províncias Unidas dos Países Baixos passaram a atacar possessões coloniais espanholas e portuguesas na Ásia, América e África, travando batalhas em terras longínquas banhadas pelo Atlântico, Índico e Pacífico. Nesses conflitos, os Países Baixos constituíram duas fortes companhias comerciais, a das Índias Orientais e das Índias Ocidentais, que desempenharam papéis estratégicos na construção de um poderoso império colonial e num forte poder marítimo.

Batalha Naval do Cabo Branco. Franz Post.



Essas disputas entre Holanda e Espanha pelos direitos do mar, repercutiram em terras distantes de outros continentes. Batalhas terrestres e navais se realizaram com grande intensidade. Entre 12 e 17 de janeiro de 1640, vários combates navais foram travados entre as armadas holandesa e luso-espanhola nas costas entre Itamaracá e o Rio Grande do Norte. No dia 13, o combate naval do Cabo Branco mobilizou dezenas de embarcações e ficou registrado pelo pintor holandês Franz Post. Hoje a batalha é travada em outras plagas e em outros campos, bem menos violentos que os que levaram Holanda e Espanha a brigarem pelos direitos do mar no longínquo século XVII.

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