quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Limite norte da conquista lusitana das terras americanas em 1585.











Detalhe de Mapa holandês que mostra o território da Parahyba nas primeiras décadas do século XVII e indica a importância da presença de aldeamentos de indígenas aliados nos primeiros tempos de instalação colonial na Capitania.

Por volta de 1585, as conquistas portuguesas nas terras americanas ainda eram bastante precárias e se limitavam a pequenos territórios em torno das primeiras vilas e cidades, pontuadas ao longo do vasto litoral. Da Vila de São Vicente, no extremo-sul, à Vila de Olinda, no extremo-norte, mal chegava a uma vintena o número de povoações lusitanas dispersas (quase todas Vilas das Capitanias Donatariais e duas Cidades de Capitanias Reais, Salvador, sede do Governo-Geral desde 1549 e Rio de Janeiro, em 1565), erigidas nas proximidades de aldeias de índios aliados, essenciais para garantir força de trabalho, gêneros de abastecimento e a defesa dessas povoações contra outros inimigos indígenas ou europeus. Os engenhos e canaviais que se estendiam ao norte de Olinda eram freqüentemente focos de desentendimentos entre portugueses e índios, pela penetração desses primeiros nas terras indígenas. Não raramente esses desentendimentos chegavam a lutas armadas, escravização e massacres. Decididos a impedir o tráfico de pau-brasil entre os franceses e potiguara no rio Parahyba e na Baía da Traição, os portugueses definiram a criação de uma nova Capitania Real, desmembrada da Capitania de Itamaracá. Depois de cerca de uma década de intensa guerra na região, em 05 de Agosto de 1585, dia de Nossa Senhora das Neves, os portugueses conseguiram celebrar um tratado de paz com o cacique tabajara Piragibe, adversário dos potiguara, que foi essencial para a defesa dessa nova conquista. A pequena povoação logo mais tornou-se uma Cidade, sendo essa data da paz definida como sua Padroeira e Fundação. Cônscio da importância das alianças indígenas para a defesa da nova conquista o autor coevo e anônimo do Summario das armadas que se-fizeram, e guerras que se-deram na conquista do rio Parahyba... por um da Companhia de Jesus relatou: “porque o verdadeiro sangue, e substancia de se-povoar, e sustentar o Brasil, é com o mesmo gentio da terra, ganhado por amisade, que sem elle não nos-valeremos nunca contra os outros”.

Ângelo Emílio da Silva Pessoa

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