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Rua Nova em 1880, poucas décadas após o suposto crime e onde se desenrolou parte substancial da trama. Maurício Lamberg, 1880.
Entre 1909 e 1912 o Jornal Pequeno, em Recife, publicou em folhetim o romance “A Emparedada da Rua Nova”, do escritor Joaquim Maria Carneiro Vilela (1846-1913). O intrigante enredo se referia a uma suposta lenda local, que teria se passado em meados do século XIX, e dava conta de que um enfurecido pai, o rico comerciante português Jaime Favais, teria mandado emparedar viva a sua filha, devido a uma indesejável gravidez resultante de um caso com um aventureiro galanteador, que – de quebra – ainda tivera um romance com a esposa de Favais. O conquistador ainda acaba assassinado a mando de Favais.
Na intrincada trama, Carneiro Vilela faz desfilar uma vasta gama de personagens, das mais altas classes a pessoas imersas na marginalidade e no crime, deixando entrever um convívio promíscuo entre os distintos grupos sociais. Grandes comerciantes, famílias de escol, gente da mais fina qualidade e moradores de imponentes sobrados, dividia seus segredos e intimidades com escravos domésticos, empregados, pessoas das classes mais baixas, habitantes dos mocambos à beira dos manguezais da cidade. É entre esses despossuídos e marginalizados que o abastado comerciante encontra os agentes dos macabros crimes que urde.
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Mocambos onde residiam os marginalizados e onde Favais teria recrutado os criminosos. Detalhe de vista a partir dos Coelhos. Litografia de Luís Schlappriz, 1863.
Uma atmosfera geral de hipocrisia estabelecia o forte tom naturalista do romance, no qual Vilela carregava as tintas, especialmente em relação à sua posição anticlerical, denunciando educandários de freiras como antros de fanatismo, atacando diversas irmandades católicas, entre outras. Os personagens, das classes altas e baixas, vão tendo as suas vidas desnudadas e se revela uma profunda corrupção dos mesmos.
À parte o tom polêmico do escrito, “A Emparedada” realiza um rico retrato da sociedade recifense da segunda metade do Oitocentos, a partir da perspectiva de um destacado escritor e jornalista local. Apresentamos artigo mais detalhado sobre esse palpitante romance, que pode ser acessado na coluna de textos autorais, nesse mesmo blog.
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Passagem da Madalena, onde os ricos realizavam suas estações de veraneio e tomavam banhos de rio (as pequenas palhoças eram banheiros para os banhistas) e onde se desenrolaram os eventos amorosos que culminaram com o trágico desenlace. Passagem da Madalena. Litografia de Luís Schlappriz, 1863.