sábado, 3 de dezembro de 2011
Restos maias de dois mil anos são descobertos no México
As mais antigas ossadas da época anterior à chegada dos espanhóis
Arqueólogos mexicanos descobriram restos maias do período pré-hispânico com cerca de dois mil anos de antiguidade. Trata-se dos primeiros encontrados em Mérida, no sudeste do país, divulgou o Instituto Nacional de Antropologia e História.
A instituição indicou em comunicado que os arqueólogos encontraram há alguns dias restos de dois enterros no centro histórico de Mérida, os primeiros da época anterior à chegada dos espanhóis que se localizam na capital de Yucatán e que poderiam corresponder a um assentamento maia denominado região de Joo.
O arqueólogo Angel Góngora Salas explicou que outras ossadas encontradas anteriormente em Mérida pertencem ao período colonial e etapas posteriores, "daí a relevância dos dois enterros humanos encontrados recentemente no Parque Hidalgo", provavelmente dos períodos pré-clássico médio e tardio (600 a.C. a 250 d.C.).
Ele também detalhou que em um deles foi encontrado um esqueleto inteiro junto com cerâmica, no segundo foram encontrado restos de ossos calcinados e cinzas que estavam dentro de uma urna. Os especialistas especulam que se tratou de uma cremação.
Com a descoberta, os pesquisadores têm os primeiros elementos para estudar "costumes funerários maias nessa área", disse Salas. Ele ressalta que os túmulos foram encontrados a pouco mais de dois metros de profundidade em uma escavação para instalar cabeamento subterrâneo.
O especialista lembrou que Mérida foi construída na época colonial sobre um assentamento pré-hispânico da região maia de Joo, o que sugere que os vestígios devem pertencer a esse assentamento indígena.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Decifrada a única inscrição em árabe das Cruzadas
Inscrição do Imperador Frederico II, da época da sexta cruzada.
Uma inédita inscrição em língua árabe das Cruzadas, descoberta num domicílio privado em Tel Aviv há alguns anos, foi finalmente decifrada, informou nesta segunda-feira a Autoridade de Antiguidades de Israel. A placa, de mármore cinza, data do século XIII e leva o nome do imperador do Sacro Império Romano-Germânico Frederico II, líder da Sexta Cruzada (1228-1229) e que se auto-intitulou rei de Jerusalém no Santo Sepulcro, igreja onde nasceu Jesus Cristo.
Os monarcas que se lançaram em conquista da Terra Santa usavam o francês como língua de comunicação e o latim como registro culto e para as inscrições. O latim, portanto, geralmente era a língua usada nas placas das fortalezas e templos construídos pelos reis no período entre sua chegada nas muralhas de Jerusalém, em 1099, até o fim das Cruzadas, em 1271.
Frederico II (1194-1250), no entanto, foi um monarca diferente, que tomou parte da Terra Santa sem derramamento de sangue, falava árabe com fluência e encheu sua corte de muçulmanos, explicou à EFE um dos responsáveis pela descoberta - Moshé Sharon. Antes de receber as chaves de Jerusalém das mãos do sultão egípcio al-Kamil, após um breve armistício assinado em 1229, o imperador mandou fortificar o castelo de Yafa, localidade litorânea que se localiza atualmente na mais importante via marítima de acesso a Tel Aviv.
Frederico II mandou colocar nos muros do castelo duas inscrições com o mesmo texto: uma em latim e outra em árabe, em sintonia com sua proximidade dessa cultura, explicou Sharon, que é especialista em epigrafia árabe e historiador do islã na Universidade Hebraica de Jerusalém. Um dos trechos dá a data exata da inscrição, "1229 da encarnação de nosso senhor Jesus, o Messias", e enumera os títulos do imperador, que foi excomungado pelo papa Gregório IX.
A placa em latim, que já no século XIX tinha sido atribuída ao imperador, encontra-se na Sicília, no palácio onde viveu Frederico. Não se sabia, porém, da existência da inscrição em árabe, peça que tinha sido achada há alguns anos numa casa em Tel Aviv. Só na semana passada, no entanto, os especialistas conseguiram decifrar seu significado completamente. O árabe mudou muito pouco daquela época até hoje, mas a legibilidade da placa estava muito comprometida.
Uma inédita inscrição em língua árabe das Cruzadas, descoberta num domicílio privado em Tel Aviv há alguns anos, foi finalmente decifrada, informou nesta segunda-feira a Autoridade de Antiguidades de Israel. A placa, de mármore cinza, data do século XIII e leva o nome do imperador do Sacro Império Romano-Germânico Frederico II, líder da Sexta Cruzada (1228-1229) e que se auto-intitulou rei de Jerusalém no Santo Sepulcro, igreja onde nasceu Jesus Cristo.
Os monarcas que se lançaram em conquista da Terra Santa usavam o francês como língua de comunicação e o latim como registro culto e para as inscrições. O latim, portanto, geralmente era a língua usada nas placas das fortalezas e templos construídos pelos reis no período entre sua chegada nas muralhas de Jerusalém, em 1099, até o fim das Cruzadas, em 1271.
Frederico II (1194-1250), no entanto, foi um monarca diferente, que tomou parte da Terra Santa sem derramamento de sangue, falava árabe com fluência e encheu sua corte de muçulmanos, explicou à EFE um dos responsáveis pela descoberta - Moshé Sharon. Antes de receber as chaves de Jerusalém das mãos do sultão egípcio al-Kamil, após um breve armistício assinado em 1229, o imperador mandou fortificar o castelo de Yafa, localidade litorânea que se localiza atualmente na mais importante via marítima de acesso a Tel Aviv.
Frederico II mandou colocar nos muros do castelo duas inscrições com o mesmo texto: uma em latim e outra em árabe, em sintonia com sua proximidade dessa cultura, explicou Sharon, que é especialista em epigrafia árabe e historiador do islã na Universidade Hebraica de Jerusalém. Um dos trechos dá a data exata da inscrição, "1229 da encarnação de nosso senhor Jesus, o Messias", e enumera os títulos do imperador, que foi excomungado pelo papa Gregório IX.
A placa em latim, que já no século XIX tinha sido atribuída ao imperador, encontra-se na Sicília, no palácio onde viveu Frederico. Não se sabia, porém, da existência da inscrição em árabe, peça que tinha sido achada há alguns anos numa casa em Tel Aviv. Só na semana passada, no entanto, os especialistas conseguiram decifrar seu significado completamente. O árabe mudou muito pouco daquela época até hoje, mas a legibilidade da placa estava muito comprometida.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Personagens Históricos
Tradicional vista do Porto do Capim. Para além dos casarões, uma comunidade dá sentido à vida no local.
Nos últimos tempos, têm sido divulgados, com certa frequência, projetos de revitalização de centros históricos de cidades brasileiras. Certamente, os méritos de tais iniciativas são relevantes, mas cabe considerar que tais projetos, muitas vezes desenvolvidos em áreas nas quais habitam populações possuidoras de poucos recursos materiais, não podem nem devem ficar restritos a especialistas que sabem o que é o "melhor para o povo", mas devem considerar o papel ativo dessas comunidades na preservação do patrimônio e na geração de políticas que promovam efetivamente seu bem estar, entre as quais o direito de participar de todas as atividades que envolvem essas áreas "revitalizadas".
Certas iniciativas adotadas com truculência, em décadas passadas, desalojaram famílias e desagregaram comunidades, com efeitos perversos. Em João Pessoa, em relação ao Porto do Capim, temos oportunidade de desenvolver uma política que garanta a preservação do patrimônio em sua ampla dimensão, ou seja, os testemunhos do passado e as pessoas do presente. O texto abaixo foi escrito após uma reunião, na noite de 31 de outubro, e alude à importância dessas pessoas para a história da região.
Comumente, associamos os chamados personagens históricos a pessoas que obtiveram alguma proeminência em tempos passados, que acabaram sendo citados em livros, batizando com seus nomes ruas, praças ou tendo monumentos erigidos em sua lembrança. De forma geral, uma maneira enraizada de se compreender História diz respeito justamente ao estudo desses personagens, de sua trajetória, de seus feitos.
Nas últimas décadas, a ampliação das fronteiras da pesquisa e do ensino de História possibilitou que se percebesse que a construção de todas as sociedades, em diferentes temporalidades e lugares, pressupõe a presença de um número muito maior de personagens que aqueles celebrizados anteriormente. Não que os homens e mulheres mais poderosos tenham sumido da História, mas que sua ação não se deu sem que tenha interagido com muitos e muitos outros agentes. Há algumas décadas, em sua “Carta a um Operário que Lê”, o dramaturgo alemão Bertolt Brecht já nos provocava a perceber que para além dos grandes reis e governantes, havia muitas e muitas pessoas que haviam construído a História, com os seus trabalhos, suas lutas cotidianas, suas produções culturais.
Também o que se convencionou chamar patrimônio histórico rompeu os limites mais estreitos que o associavam estritamente aos grandes testemunhos arquitetônicos e monumentais do passado, abrindo-se para a percepção das coisas mais modestas, chegando mesmo às próprias pessoas, como verdadeiro patrimônio humano e aquele que dá sentido a todos os demais.
Essa ampliação, chama para o proscênio novas vozes, que não podem nem devem ser silenciadas, a troco de fazermos valer a truculência que se apresenta em sua face brutal (comumente manu militari), mas que também tem uma face mais sofisticada e pretensamente moderna, travestida de ciência, mas que não passa de expediente para justificar os mesmos fins inconfessáveis e solertes. Emudecer essas vozes é diminuir mesmo a nossa condição de humanidade, ainda que nos dediquemos ao que se convencionou chamar de ciências humanas, mas que em muitos casos está mais a serviço da desumanização tecnocrática e da competição insana que assola os meios acadêmicos.
Na noite de 31 de outubro, tivemos a chance e o privilégio de nos defrontarmos com grandes personagens da História da Paraíba. Seus nomes não estão nas praças e monumentos, mas representam o que há de melhor na nossa gente, que labuta diariamente para viver a custa de seu próprio suor, sem explorar o alheio. Em pleno Varadouro, ponto no qual se deram os primeiros ensaios de uma cidade há quase cinco séculos e que bem antes já fora ocupado por populações indígenas que habitaram a região, conhecemos pessoas que repetem as lutas de seus antepassados por uma existência digna, respeitável e respeitada. Gente que mora para além dos grandes casarões e que o olhar clean de certas práticas patrimoniais e turísticas teima em obliterar.
Tivemos a honra de conhecer seu João Alagoano, com seus 78 anos bem vividos, construindo o sustento de uma numerosa e valorosa família e que deseja apenas ter respeitado o seu direito de permanecer onde está, recebendo a todos que o venham visitar com grande generosidade, mas sem subserviência.
Ouvimos o valioso depoimento de Dona Maria, falando de suas mangueiras, coqueiros, passarinhos, caranguejos e da visita cotidiana dos sagüis, que alegram sua casa e que ela pretende continuar a receber com a mesma alegria de sempre.
Para além dos casarões, há uma laboriosa comunidade, que preserva seus hábitos e exige respeito.
Muitos, muitos outros lutadores e lutadoras dessa comunidade, do Porto do Capim, que estão lá desde que esse velho mundo é mundo, querem melhorar suas vidas, mas querem que tudo isso se dê com o devido respeito e sensibilidade, para os quais não cabem termos como remoção ou coisa que apenas trai a intenção de quem quer produzir um “não-lugar” em meios às futuras ruínas do passado humano fetichizado em formas arquitetônicas, que não são nada mais nada menos que a evidência da passagem de outras vidas pelo tempo. Vidas que construíram esses lugares e que continuam a construí-los e lhes conferir sentido.
Uma política de patrimônio e turismo deve estar aberta para conversar com essas pessoas como quem bate uma boa prosa, à sombra das mangueiras, em meio à algazarra dos sagüis, tendo em mente que essas pessoas têm, antes das autoridades ou da academia, o direito de determinar os seus próprios futuros e definir os seus próprios sentidos de felicidade.
Nos últimos tempos, têm sido divulgados, com certa frequência, projetos de revitalização de centros históricos de cidades brasileiras. Certamente, os méritos de tais iniciativas são relevantes, mas cabe considerar que tais projetos, muitas vezes desenvolvidos em áreas nas quais habitam populações possuidoras de poucos recursos materiais, não podem nem devem ficar restritos a especialistas que sabem o que é o "melhor para o povo", mas devem considerar o papel ativo dessas comunidades na preservação do patrimônio e na geração de políticas que promovam efetivamente seu bem estar, entre as quais o direito de participar de todas as atividades que envolvem essas áreas "revitalizadas".
Certas iniciativas adotadas com truculência, em décadas passadas, desalojaram famílias e desagregaram comunidades, com efeitos perversos. Em João Pessoa, em relação ao Porto do Capim, temos oportunidade de desenvolver uma política que garanta a preservação do patrimônio em sua ampla dimensão, ou seja, os testemunhos do passado e as pessoas do presente. O texto abaixo foi escrito após uma reunião, na noite de 31 de outubro, e alude à importância dessas pessoas para a história da região.
Comumente, associamos os chamados personagens históricos a pessoas que obtiveram alguma proeminência em tempos passados, que acabaram sendo citados em livros, batizando com seus nomes ruas, praças ou tendo monumentos erigidos em sua lembrança. De forma geral, uma maneira enraizada de se compreender História diz respeito justamente ao estudo desses personagens, de sua trajetória, de seus feitos.
Nas últimas décadas, a ampliação das fronteiras da pesquisa e do ensino de História possibilitou que se percebesse que a construção de todas as sociedades, em diferentes temporalidades e lugares, pressupõe a presença de um número muito maior de personagens que aqueles celebrizados anteriormente. Não que os homens e mulheres mais poderosos tenham sumido da História, mas que sua ação não se deu sem que tenha interagido com muitos e muitos outros agentes. Há algumas décadas, em sua “Carta a um Operário que Lê”, o dramaturgo alemão Bertolt Brecht já nos provocava a perceber que para além dos grandes reis e governantes, havia muitas e muitas pessoas que haviam construído a História, com os seus trabalhos, suas lutas cotidianas, suas produções culturais.
Também o que se convencionou chamar patrimônio histórico rompeu os limites mais estreitos que o associavam estritamente aos grandes testemunhos arquitetônicos e monumentais do passado, abrindo-se para a percepção das coisas mais modestas, chegando mesmo às próprias pessoas, como verdadeiro patrimônio humano e aquele que dá sentido a todos os demais.
Essa ampliação, chama para o proscênio novas vozes, que não podem nem devem ser silenciadas, a troco de fazermos valer a truculência que se apresenta em sua face brutal (comumente manu militari), mas que também tem uma face mais sofisticada e pretensamente moderna, travestida de ciência, mas que não passa de expediente para justificar os mesmos fins inconfessáveis e solertes. Emudecer essas vozes é diminuir mesmo a nossa condição de humanidade, ainda que nos dediquemos ao que se convencionou chamar de ciências humanas, mas que em muitos casos está mais a serviço da desumanização tecnocrática e da competição insana que assola os meios acadêmicos.
Na noite de 31 de outubro, tivemos a chance e o privilégio de nos defrontarmos com grandes personagens da História da Paraíba. Seus nomes não estão nas praças e monumentos, mas representam o que há de melhor na nossa gente, que labuta diariamente para viver a custa de seu próprio suor, sem explorar o alheio. Em pleno Varadouro, ponto no qual se deram os primeiros ensaios de uma cidade há quase cinco séculos e que bem antes já fora ocupado por populações indígenas que habitaram a região, conhecemos pessoas que repetem as lutas de seus antepassados por uma existência digna, respeitável e respeitada. Gente que mora para além dos grandes casarões e que o olhar clean de certas práticas patrimoniais e turísticas teima em obliterar.
Tivemos a honra de conhecer seu João Alagoano, com seus 78 anos bem vividos, construindo o sustento de uma numerosa e valorosa família e que deseja apenas ter respeitado o seu direito de permanecer onde está, recebendo a todos que o venham visitar com grande generosidade, mas sem subserviência.
Ouvimos o valioso depoimento de Dona Maria, falando de suas mangueiras, coqueiros, passarinhos, caranguejos e da visita cotidiana dos sagüis, que alegram sua casa e que ela pretende continuar a receber com a mesma alegria de sempre.
Para além dos casarões, há uma laboriosa comunidade, que preserva seus hábitos e exige respeito.
Muitos, muitos outros lutadores e lutadoras dessa comunidade, do Porto do Capim, que estão lá desde que esse velho mundo é mundo, querem melhorar suas vidas, mas querem que tudo isso se dê com o devido respeito e sensibilidade, para os quais não cabem termos como remoção ou coisa que apenas trai a intenção de quem quer produzir um “não-lugar” em meios às futuras ruínas do passado humano fetichizado em formas arquitetônicas, que não são nada mais nada menos que a evidência da passagem de outras vidas pelo tempo. Vidas que construíram esses lugares e que continuam a construí-los e lhes conferir sentido.
Uma política de patrimônio e turismo deve estar aberta para conversar com essas pessoas como quem bate uma boa prosa, à sombra das mangueiras, em meio à algazarra dos sagüis, tendo em mente que essas pessoas têm, antes das autoridades ou da academia, o direito de determinar os seus próprios futuros e definir os seus próprios sentidos de felicidade.
domingo, 30 de outubro de 2011
Acampamento estratégico romano é descoberto na Alemanha
Moedas e outros objetos foram encontrados na área do antigo acampamento romano.
BERLIM - Nas margens do rio Lippe, na região alemã de Westfália, foram descobertos os restos de um grande acampamento romano estratégico que fechava a linha defensiva do local e servia de entrada para a antiga Germânia até o rio Elba.
Wolfgang Kirsch, diretor do Instituto Arqueológico de Westfália Lippe (LWL), informou nesta terça-feira, 25, que os especialistas levaram mais de um século procurando este acampamento, que tem o tamanho de sete campos de futebol e está situado a 30 quilômetros da cidade de Dortmund, no oeste da Alemanha.
Dessa base, os soldados controlavam o rio Lippe, "uma das importantes regiões logísticas para os conquistadores romanos", disse Kirsch, que considerou a descoberta como "sensacional para a investigação da época romana em Westfália".
Kirsch acrescentou que as primeiras pistas sobre a localização do acampamento surgiram há três anos, quando arqueólogos descobriram moedas de cobre em um campo e escavações de prova posteriores encontraram restos de cerâmica e de uma cerca de madeira.
O acampamento romano de Olfen foi supostamente construído no início da ocupação da Germânia na margem direita do rio Reno, na época das campanhas bélicas de Druso, na última década antes do começo de nossa era.
domingo, 9 de outubro de 2011
O centenário de um poeta musical
Nélson Cavaquinho, com o instrumento que ficou identificado ao seu nome, desde a juventude nas rodas de choro.
No próximo dia 29 de outubro, a música brasileira comemorará o centenário de um de seus mais talentosos poetas musicais. Nélson Antônio da Silva, ou como era popularmente conhecido, Nélson Cavaquinho, integrou uma geração que nasceu no início do século XX e que elevou a música brasileira a um patamar de elevadíssima qualidade e sofisticação. Dessa geração faziam parte gênios musicais como Noel Rosa, Cartola, Luiz Gonzaga, João de Barro, Lamartine Babo, entre inúmeros outros, que seria um não terminar tentar elencar aqui.
Nélson nasceu no Rio de Janeiro, numa família modesta, sendo seu pai integrante da Banda da Polícia Militar. Essa origem exerceu sobre ele uma dupla influência, por um lado Nélson, logo após o casamento com Alice Neves, por volta dos 20 anos de idade, ingressou na corporação policial, a qual acabou deixando alguns anos depois. Por outro, desde jovem passou a acompanhar rodas musicais de chorinho e identificou-se com o cavaquinho, vindo esse instrumento a fazer parte de seu nome musical.
Nas rondas policiais que fazia no morro da Mangueira, conheceu Carlos Cachaça e Cartola, de quem se tornou amigo e parceiro. Sua identidade com a Escola de samba daquele morro foi tão profunda, que acabou se tornando numa das principais referências musicais da agremiação. No Carnaval de 2011, a Escola entrou na avenida com um enredo homenageando seu ilustre compositor.
Nélson e Cartola, grande amigo e parceiro, em desfile da Mangueira.
Separado do primeiro casamento, Nélson ainda casou-se aos 50 anos, com a jovem Durvalina, então com 20 anos e que foi sua companheira pelo resto da vida. Faleceu no mesmo Rio de Janeiro, em 18 de fevereiro de 1986.
Suas músicas sofisticadas, várias com seu parceiro mais freqüente Guilherme de Brito, falavam de sofrimentos da vida, saudades, amores desfeitos, envelhecimento, temas que alimentam boa parte da trama da existência. Em A Flor e o Espinho, como se estivesse num desfile, fala para um amor desfeito “tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor”. Homenageia sua Escola de coração em Folhas Secas: “Quando eu piso em folhas secas. Caídas de uma mangueira. Penso na minha escola. E nos poetas da minha estação primeira. Não sei quantas vezes. Subi o morro cantando. Sempre o sol me queimando. E assim vou me acabando”. Na sombria Luz Negra “A luz negra de um destino cruel. Ilumina um teatro sem cor. Onde estou desempenhando o papel. De palhaço do amor”. Em Caridade, fala com grande realismo sobre a experiência da pobreza “Não sei negar esmola. A quem implora a caridade. Me compadeço sempre de quem tem necessidade. Embora algum dia eu receba ingratidão. Não deixarei de socorrer a quem pedir o pão. Eu nunca soube evitar de praticar o bem. Porque eu posso precisar também”. Um verdadeiro baú de preciosidades ainda pode ser encontrado em seu vasto acervo musical, onde encontramos verdadeiros clássicos como Palhaço, Quando eu me chamar saudade, Vou partir, Degraus da vida, Rugas, entre tantas outras.
Nélson e o violão, que se tornou seu instrumento após o cavaquinho.
Importante destacar que, ao contrário do que prega certa percepção equivocada a respeito da música popular brasileira – de que a música feita pelas camadas mais pobres da população é tosca, brutal, banal, grosseira – compositores de origens e vidas pobres como Nélson Cavaquinho, Cartola, entre tantos outros, fizeram composições com grande sofisticação musical e poética. Alegar que o mal gosto institucionalizado, que tomou conta das rádios e televisões brasileiras, é culpa do mal gosto popular, é deixar de lado a percepção de que interessa a um sistema social como esse brutalizar as pessoas para aceitarem a vida como uma selva na qual importa apenas competir insanamente uns contra os outros.
Em "Os Quatro Grandes do Samba" (1977) seu reuniram Nélson, Candeia, Guilherme de Brito e Élton Medeiros, numa obra do mais alto quilate musical.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Homínideo africano de 2 milhões de anos tem traços humanos
Análises aprofundadas do fóssil indicam que Australopithecus sediba possuía características modernas, como fazer ferramentas
Crânio do Au. sediba: fóssil de dois milhões de anos com características de seres humanos modernos
Cinco artigos que serão publicados na edição desta semana do periódico Science indicam que o Australopithecus sediba – hominídeo que viveu há dois milhões de anos – pode estar mais próximo do gênero Homo, ao qual pertence o ser humano, do que se imaginava.
Dois espécimes – uma mulher adulta (chamada de MH-2) e um menino (MH-1) – foram descobertos numa caverna da África do Sul e divulgadas em abril do ano passado, às vésperas da Copa, por um estudo coordenado por Lee Berger, da Universidade de Witwatersrand, em Johannesburgo, e também publicado pela Science.
Agora, os cinco novos artigos demonstram um avanço nas pesquisas e, a partir da análise detalhada do cérebro, da pélvis, das mãos e dos pés desses exemplares, trazem novas evidências. Entre elas, a de que o Au. sediba carregaria as características primitivas do Australopithecus, mas também as características modernas e os traços humanos do Homo. Nesse contexto, os pesquisadores, liderados por Berger, sugerem que o Au. sediba seja encarado como o melhor candidato a antepassado do gênero Homo.
As descobertas estão lançando dúvidas sobre antigas teorias a respeito da evolução humana, incluindo a noção de que a pélvis dos primeiros humanos teria evoluído em resposta a um cérebro de grandes proporções, em uma clara adequação ao momento do nascimento de cada indivíduo. Sugerem ainda que, tendo em vista as características dos pés e das mãos, o Au. sediba carregaria a capacidade de produzir e manejar ferramentas, ou seja, ele poderia ser considerado um “faz tudo”. Poderia ser o caso, inclusive, de rever o grupo em que a espécie se encontra atualmente, de acordo com os cientistas.
“Existem aspectos que sugerem a produção e o uso de ferramentas feitas de pedra, o que geralmente é um traço associado com o gênero Homo”, explicou Steve Churchill, da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. Mas quando questionado sobre a possibilidade de enquadrar o hominídeo em questão no gênero Homo, Lee Berger indica cautela: “Que eu saiba, não faz parte da definição do gênero Homo o manuseio de ferramentas. Isso me parece ser aplicado com muita frequência. Se você tem ferramentas, então você está inserido no gênero Homo. Mas, tecnicamente, isso não faz parte da definição”.
Cérebro escaneado
Em relação ao cérebro do Australopithecus sediba, a pesquisa realizou o raio-X mais apurado e revelador já feito em um ancestral humano – o escaneamento do crânio em alta resolução do hominídeo, realizado no European Synchrotron Radiation Facility (ESRF), na França, deu aos pesquisadores uma visão profunda e detalhada sobre o Au. sediba e a época de seu surgimento, formando uma imagem de alta resolução que mostra detalhes mil vezes menores do que um milímetro.
Mão direita do fóssil feminina comparada a uma mão humana: possibilidade do uso de ferramentas
Com as mãos de um faz-tudo
Assim como as outras partes analisadas, as mãos e os pés do Au. sediba também apresentam características modernas e primitivas ao mesmo tempo. O fóssil analisado é o mais completo fóssil de hominídeo já encontrado – estão faltando apenas alguns ossos da mão e do pulso. Assim, foi possível estudar a mão como um todo e não apenas ossos isolados, como até então havia sido feito.
Crânio do Au. sediba: fóssil de dois milhões de anos com características de seres humanos modernos
Cinco artigos que serão publicados na edição desta semana do periódico Science indicam que o Australopithecus sediba – hominídeo que viveu há dois milhões de anos – pode estar mais próximo do gênero Homo, ao qual pertence o ser humano, do que se imaginava.
Dois espécimes – uma mulher adulta (chamada de MH-2) e um menino (MH-1) – foram descobertos numa caverna da África do Sul e divulgadas em abril do ano passado, às vésperas da Copa, por um estudo coordenado por Lee Berger, da Universidade de Witwatersrand, em Johannesburgo, e também publicado pela Science.
Agora, os cinco novos artigos demonstram um avanço nas pesquisas e, a partir da análise detalhada do cérebro, da pélvis, das mãos e dos pés desses exemplares, trazem novas evidências. Entre elas, a de que o Au. sediba carregaria as características primitivas do Australopithecus, mas também as características modernas e os traços humanos do Homo. Nesse contexto, os pesquisadores, liderados por Berger, sugerem que o Au. sediba seja encarado como o melhor candidato a antepassado do gênero Homo.
As descobertas estão lançando dúvidas sobre antigas teorias a respeito da evolução humana, incluindo a noção de que a pélvis dos primeiros humanos teria evoluído em resposta a um cérebro de grandes proporções, em uma clara adequação ao momento do nascimento de cada indivíduo. Sugerem ainda que, tendo em vista as características dos pés e das mãos, o Au. sediba carregaria a capacidade de produzir e manejar ferramentas, ou seja, ele poderia ser considerado um “faz tudo”. Poderia ser o caso, inclusive, de rever o grupo em que a espécie se encontra atualmente, de acordo com os cientistas.
“Existem aspectos que sugerem a produção e o uso de ferramentas feitas de pedra, o que geralmente é um traço associado com o gênero Homo”, explicou Steve Churchill, da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. Mas quando questionado sobre a possibilidade de enquadrar o hominídeo em questão no gênero Homo, Lee Berger indica cautela: “Que eu saiba, não faz parte da definição do gênero Homo o manuseio de ferramentas. Isso me parece ser aplicado com muita frequência. Se você tem ferramentas, então você está inserido no gênero Homo. Mas, tecnicamente, isso não faz parte da definição”.
Cérebro escaneado
Em relação ao cérebro do Australopithecus sediba, a pesquisa realizou o raio-X mais apurado e revelador já feito em um ancestral humano – o escaneamento do crânio em alta resolução do hominídeo, realizado no European Synchrotron Radiation Facility (ESRF), na França, deu aos pesquisadores uma visão profunda e detalhada sobre o Au. sediba e a época de seu surgimento, formando uma imagem de alta resolução que mostra detalhes mil vezes menores do que um milímetro.
Mão direita do fóssil feminina comparada a uma mão humana: possibilidade do uso de ferramentas
Com as mãos de um faz-tudo
Assim como as outras partes analisadas, as mãos e os pés do Au. sediba também apresentam características modernas e primitivas ao mesmo tempo. O fóssil analisado é o mais completo fóssil de hominídeo já encontrado – estão faltando apenas alguns ossos da mão e do pulso. Assim, foi possível estudar a mão como um todo e não apenas ossos isolados, como até então havia sido feito.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
O REVERENDO NORTE-AMERICANO E A PADROEIRA DA PARAÍBA
Daniel Kidder, reverendo metodista que missionou no Brasil oiticentista.
Entre 1836 e 1842 o Reverendo metodista norte-americano Daniel Parish Kidder (1815-1891) viveu no Brasil, realizando atividades missionárias vinculadas à Sociedade Bíblica Americana. Em 1839 visitou as Províncias do Norte do Brasil, com o fito de divulgar seu trabalho. Retornando aos Estados Unidos, publicou logo após suas “Reminiscências de Viagens e Permanências no Brasil”.
Livro das viagens de Kidder pelo Norte do Brasil.
Passando pela cidade da Paraíba e seus arredores, deixou uma interessante descrição de seus aspectos urbanos e de sua vida social. Em 05 de Agosto daquele ano, acompanhando o seu anfitrião (a quem se refere como Sr. R.), participou das festividades da Padroeira Nossa Senhora das Neves. Seu relato, bastante negativo e eivado de diversos preconceitos próprios da época, não deixa de ser um importante testemunho, através da ótica de um estrangeiro, de como a cidade realizava sua maior festividade religiosa e profana e quais os distintos significados que poderiam estar associados á comemoração.
“Soubemos que naquela ocasião é que se realizavam as maiores festividades religiosas do ano, na Paraíba, pois no dia 5 de Agosto celebrava-se a festa de Nossa Senhora das Neves, padroeira da cidade. Perguntamos que santa era essa e apenas souberam nos dizer que essa Nossa Senhora é a mesma Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário e diversos outros nomes que dão à Virgem Maria! Duvidamos que a mitologia grega ou romana tivesse sido mais confusa. Essas festas, como todas as outras de grande importância, foram precedidas de uma novena, isto é, nove “rezas” realizadas em noites sucessivas. Em cada uma dessas noites havia um divertimento diferente, do qual se encarregava um cidadão que, naturalmente, procurava sempre exceder o outro na pompa e no brilho da festa a seu cargo. Convidaram-nos para sairmos à noite a fim de ver aquilo que achavam não poder deixar de nos ser profundamente interessante. A matriz, onde se celebrava a festa, ficava mesmo nas vizinhanças. Postamo-nos em uma das extremidades de um pátio oblongo. A frente da igreja estava iluminada por velas em lanternas quebradas, dispostas em torno da porta e à frente de uma imagem colocada em um nicho preso à cúpula. Grandes fogueiras ardiam em vários pontos do pátio. Em torno delas acotovelavam-se negros ansiosos por queimar baterias de foguetes e certos trechos dos atos litúrgicos que se realizavam na igreja. Terminada a novela, todo o povo acorria ao campo, para apreciar os fogos de artifício que se queimavam desde às nove horas até depois de meia noite. Os que tivemos ocasião de ver eram muito mal feitos. Não obstante, o povo se pasmava e aplaudia freneticamente. Se se tratasse de divertimento para africanos ignorantes, seriam mais compreensíveis essas funções, mas, como parte de festejos religiosos (em honra a Nossa Senhora Padroeira), celebrados em dia santificado e com a presença entusiástica de padres, monges e do povo, temos que confessar francamente que nos chocou bastante e teria sido melhor que não os tivéssemos presenciado.
Uma das mais penosas impressões que colhemos foi ver famílias inteiras, inclusive senhoras e senhoritas, ao ar úmido da noite, admirando cenas que não só tocavam ás raias do ridículo, mas, ainda, eram acentuadamente imorais – e dizer-se que tudo isso se fazia em nome da religião! Retiramo-nos prazerosamente logo que nossos companheiros se dispuseram a sair, com a firme resolução de jamais assistir voluntariamente, a tais profanações do dia do Senhor”. (KIDDER, pp. 116-117).
Procissão das Neves nos anos 1970, vendo-se o Mons. Emiliano de Christo, autoridades e populares.
Aspectos profanos da festa, nos anos 1970. Certamente teriam escandalizado ainda mais o Reverendo Kidder.
domingo, 26 de junho de 2011
Localizados objetos de naufrágio de fins do século XVI
Objetos submersos pertenceram a uma nau espanhola que naufragou no século XVI
Pesquisadores resgataram do mar em Florianópolis na tarde desta quinta-feira objetos submersos que pertenceram a uma nau espanhola que naufragou no século XVI. É o naufrágio de embarcações européias mais antigo já registrado nas Américas.
As peças - incluindo pedras, armas e um canhão - foram localizadas na região que compreende a baía sul da capital catarinense. Segundo os levantamentos realizados pelo projeto Barra Sul, que vasculha a região desde 2005, trata-se de um naufrágio da Nau Provedora, que ocorreu em 1583.
Os pesquisadores localizaram uma pedra triangular com inscrições em latim onde o rei espanhol é citado. Outra pedra, quadrada, traz esculpido em alto relevo o escudo das armas da Espanha. Cada uma delas pesa cerca de 800 kg. Além das pedras, foi encontrado um canhão de 3,2 metros de cumprimento, totalmente esculpido em bronze e datado de 1565.
A embarcação naufraga em Florianópolis, segundo os pesquisadores, fazia parte de uma expedição com 13 naus que seguia para o extremo sul do continente. "As cartas analisadas mostram que essa embarcação levava armas e materiais para a construção de uma fortaleza no Estreito de Magalhães", disse Gabriel Corrêa, diretor do projeto Barra Sul.
No final da tarde desta quinta-feira, a pedra que traz os escudos espanhóis foi retirada do mar com um guincho e em seguida transportada para um iate clube de Florianópolis. A operação durou mais de cinco horas devido ao peso do material. A pedra será analisada e encaminhada ao laboratório de Arqueologia da Unisul para dessalinização e higienização.
Figuras femininas são destaque em mostra de arte pré-histórica na França
Estatueta feminina pré-histórica apresentada na Mostra.
São exibidas cerca de 70 peças do período Magdaleniano - o último do Paleolítico Superior - representando mulheres
PARIS - Uma mostra que reúne figuras femininas da arte pré-histórica provenientes de jazidas arqueológicas da França, Suíça, Alemanha e Polônia estão expostas a partir desta sexta-feira no Museu Nacional da Pré-História de Les Eyzies-de-Tayac, no sudoeste francês.
São exibidas cerca de 70 peças do período Magdaleniano - o último do Paleolítico Superior - representando mulheres, em uma época marcada pelo florescimento das reproduções simbólicas esquemáticas do gênero feminino, afirmou o museu em comunicado. A exposição, que também apresenta um conjunto de ferramentas e armas do mesmo período, estará aberta até o dia 19 de setembro.
Entre outras peças, o visitante poderá conhecer a "Vênus Impudica", a primeira estatueta humana do paleolítico descoberta na França, talhada em marfim de mamute.
Com traços mais simples, são exibidos também três exemplares da jazida arqueológica alemã de Nebra, silhuetas filiformes nas quais sobressaem os peitos e o traseiro; além de uma figura de formas mórbidas e esculpida em um bloco de argila vermelha vinda da caverna de Courbet, no sul da França.
A arte da gravura também tem seu lugar na exposição, com a presença de um bloco de pedra onde se distinguem os traços de onze figuras femininas.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Arqueólogos descobrem ruínas de prédio público da época bizantina em Israel
Ruínas descobertas em Acre, referem-se ao período de dominação bizantina na região.
JERUSALÉM - Arqueólogos israelenses encontraram durante escavações na cidade histórica de Acre uma antiga estrutura que, segundo todos os indícios, trata-se do primeiro imóvel de uso público da época bizantina na Terra Santa (324 d.C. a 638 d.C.).
Anunciada neste domingo pela Autoridade de Antiguidades de Israel, a descoberta data de aproximadamente 1,5 mil anos atrás, período que deixou inúmeras ruínas e artefatos perdidos por toda a Terra Santa, mas do qual até agora não se conhecia nenhum em Acre, cidade situada no litoral norte do país, próxima à fronteira com o Líbano.
"É possível que seja uma igreja", indicou em comunicado a arqueóloga Nurit Feig, diretora do projeto. Segundo ela, o prédio sofreu danos devido aos trabalhos de construção de um novo centro comercial, que não tinham sido coordenados com a Autoridade de Antiguidades de Israel.
Do período bizantino, foram encontradas há anos em Acre residências privadas junto ao mar, mas até agora não se tinha encontrado nenhum imóvel público que ilustrasse a vida diária da sociedade da época.
O solo de uma das salas do complexo descoberto neste fim de semana estava recoberto por um mosaico e, no pátio exterior, há um poço.
A cidade de Acre é mais conhecida por seu glorioso passado marcado pelas Cruzadas - do qual restam dois abrigos templários -, assim como por seu passado islâmico e turco, com imponentes mesquitas, recintos banho turco e até uma fortaleza mais recente.
O impressionante imóvel descoberto no domingo é feito de pedra, com ornamentações em mármore, o que, somado aos abundantes restos de azulejos, vasos de cerâmica e moedas, indica que se tratava de um lugar público e, talvez, sede do bispo da cidade em tempos bizantinos.
JERUSALÉM - Arqueólogos israelenses encontraram durante escavações na cidade histórica de Acre uma antiga estrutura que, segundo todos os indícios, trata-se do primeiro imóvel de uso público da época bizantina na Terra Santa (324 d.C. a 638 d.C.).
Anunciada neste domingo pela Autoridade de Antiguidades de Israel, a descoberta data de aproximadamente 1,5 mil anos atrás, período que deixou inúmeras ruínas e artefatos perdidos por toda a Terra Santa, mas do qual até agora não se conhecia nenhum em Acre, cidade situada no litoral norte do país, próxima à fronteira com o Líbano.
"É possível que seja uma igreja", indicou em comunicado a arqueóloga Nurit Feig, diretora do projeto. Segundo ela, o prédio sofreu danos devido aos trabalhos de construção de um novo centro comercial, que não tinham sido coordenados com a Autoridade de Antiguidades de Israel.
Do período bizantino, foram encontradas há anos em Acre residências privadas junto ao mar, mas até agora não se tinha encontrado nenhum imóvel público que ilustrasse a vida diária da sociedade da época.
O solo de uma das salas do complexo descoberto neste fim de semana estava recoberto por um mosaico e, no pátio exterior, há um poço.
A cidade de Acre é mais conhecida por seu glorioso passado marcado pelas Cruzadas - do qual restam dois abrigos templários -, assim como por seu passado islâmico e turco, com imponentes mesquitas, recintos banho turco e até uma fortaleza mais recente.
O impressionante imóvel descoberto no domingo é feito de pedra, com ornamentações em mármore, o que, somado aos abundantes restos de azulejos, vasos de cerâmica e moedas, indica que se tratava de um lugar público e, talvez, sede do bispo da cidade em tempos bizantinos.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
São João Marcos, no Rio de Janeiro se torna centro arqueológico urbano
Antiga Igreja Matriz de São João Marcos
Flávia Salme, iG Rio de Janeiro | 08/06/2011
Submersa há 70 anos, cidade histórica do Rio volta à tona. Após ser lançado ao ostracismo, distrito de São João Marcos inaugura hoje o primeiro centro arqueológico urbano do Estado do Rio de Janeiro.
Da riqueza e desenvolvimento à miséria. Do posto de “exemplo intacto de arquitetura colonial” a uma área submersa e reduzida a escombros, o pequeno distrito fluminense de São João Marcos jamais esmoreceu.
Depois de ostentar a glória de ter sido o segundo município mais populoso do Estado, com cerca de 20 mil habitantes (no século 19), e de ser o primeiro do País tombado pelo valor arquitetônico de suas construções pelo então Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), São João Marcos – na região do Vale do Paraíba – foi esvaziado para dar lugar a uma barragem (no século 20). Na época, 1940, o presidente Getúlio Vargas queria superar os entraves que impediam o progresso da capital.
Era preciso gerar energia elétrica e melhorar o abastecimento de água do então distrito federal, e coube a São Marcos dar à luz esse sonho. Engenheiros da Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Company, a companhia de eletricidade do Estado, concluíram que a melhor opção seria criar uma represa e uma hidrelétrica na região. Mas São João Marcos estava no meio do caminho. Para o projeto ir à frente, seria necessário inundar a maior parte da cidade (pelo menos 90 fazendas).
Para afugentar os moradores que insistiam em ficar na parte que não foi inundada, a arquitetura local – “destombada” pelo próprio Vargas – foi pelos ares. Nem o cemitério ficou imune (este, em vez de implodido foi remanejado). “Depois disso apareceram certas árvores na cidade, conhecidas como mulungus, que dão flores vermelhas. A população local acredita que é o sangue de moradores tristes com o fim do lugar”, conta Luiz Felipe Younes, coordenador do parque.
Ruínas do antigo Teatro
A visitação inclui o ossuário da Igreja Matriz, parte da estrutura do Teatro Tibiriçá, trechos da antiga Estrada Imperial e suas pontes de pedra, além de cerca de duas mil peças descobertas nas escavações como louças, moedas, objetos pessoais, porcelanas e tijolos mais brutos.
O parque, localizado a 128 km da capital fluminense, conta com 930 mil metros quadrados. São 3 quilômetros com sinalização (de posição, ambiental, histórica e arqueológica). Historiadores, museólogos, arqueólogos, arquitetos, paisagistas, passaram quatro anos dedicados à missão.
Conhecer o lugar não custa nada. A entrada é franca. As visitações poderão ser feitas de quarta-feira a domingo, das 10h às 16h. Será preciso percorrer dois quilômetros da Estrada Imperial (que ligava Minas Gerais à cidade litorânea de Mangaratiba, no Rio).
Além de trilhas e das ruínas históricas da ex-cidade – passeio que dura cerca de 40 minutos –, os turistas encontrarão um Centro de Memória que conta de forma lúdica o passado, além dos resultados das pesquisas históricas e arqueológicas. Há ainda um anfiteatro e cafeteira.
Flávia Salme, iG Rio de Janeiro | 08/06/2011
Submersa há 70 anos, cidade histórica do Rio volta à tona. Após ser lançado ao ostracismo, distrito de São João Marcos inaugura hoje o primeiro centro arqueológico urbano do Estado do Rio de Janeiro.
Da riqueza e desenvolvimento à miséria. Do posto de “exemplo intacto de arquitetura colonial” a uma área submersa e reduzida a escombros, o pequeno distrito fluminense de São João Marcos jamais esmoreceu.
Depois de ostentar a glória de ter sido o segundo município mais populoso do Estado, com cerca de 20 mil habitantes (no século 19), e de ser o primeiro do País tombado pelo valor arquitetônico de suas construções pelo então Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), São João Marcos – na região do Vale do Paraíba – foi esvaziado para dar lugar a uma barragem (no século 20). Na época, 1940, o presidente Getúlio Vargas queria superar os entraves que impediam o progresso da capital.
Era preciso gerar energia elétrica e melhorar o abastecimento de água do então distrito federal, e coube a São Marcos dar à luz esse sonho. Engenheiros da Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Company, a companhia de eletricidade do Estado, concluíram que a melhor opção seria criar uma represa e uma hidrelétrica na região. Mas São João Marcos estava no meio do caminho. Para o projeto ir à frente, seria necessário inundar a maior parte da cidade (pelo menos 90 fazendas).
Para afugentar os moradores que insistiam em ficar na parte que não foi inundada, a arquitetura local – “destombada” pelo próprio Vargas – foi pelos ares. Nem o cemitério ficou imune (este, em vez de implodido foi remanejado). “Depois disso apareceram certas árvores na cidade, conhecidas como mulungus, que dão flores vermelhas. A população local acredita que é o sangue de moradores tristes com o fim do lugar”, conta Luiz Felipe Younes, coordenador do parque.
Ruínas do antigo Teatro
A visitação inclui o ossuário da Igreja Matriz, parte da estrutura do Teatro Tibiriçá, trechos da antiga Estrada Imperial e suas pontes de pedra, além de cerca de duas mil peças descobertas nas escavações como louças, moedas, objetos pessoais, porcelanas e tijolos mais brutos.
O parque, localizado a 128 km da capital fluminense, conta com 930 mil metros quadrados. São 3 quilômetros com sinalização (de posição, ambiental, histórica e arqueológica). Historiadores, museólogos, arqueólogos, arquitetos, paisagistas, passaram quatro anos dedicados à missão.
Conhecer o lugar não custa nada. A entrada é franca. As visitações poderão ser feitas de quarta-feira a domingo, das 10h às 16h. Será preciso percorrer dois quilômetros da Estrada Imperial (que ligava Minas Gerais à cidade litorânea de Mangaratiba, no Rio).
Além de trilhas e das ruínas históricas da ex-cidade – passeio que dura cerca de 40 minutos –, os turistas encontrarão um Centro de Memória que conta de forma lúdica o passado, além dos resultados das pesquisas históricas e arqueológicas. Há ainda um anfiteatro e cafeteira.
sábado, 4 de junho de 2011
Arqueólogos descobrem igreja de mais de 300 anos na Flórida
Pesquisador do Museu de História Natural, Gifford Waters, tira a terra da estrutura da igreja
Miami - Uma equipe de arqueólogos americanos da Universidade da Flórida descobriu em Santo Agostinho as ruínas de uma igreja de mais de 300 anos que pertenceu a uma missão da época colonial espanhola, informou nesta sexta-feira o centro.
Os arqueólogos acreditam que pode se tratar da estrutura de pedra mais antiga da época colonial espanhola e de uma das maiores igrejas de missões construídas nesse período na Flórida.
Os pesquisadores do Museu de História Natural da Flórida descobriram pedras de coquina e alicerces pertencentes a uma estrutura de 27 metros de comprimento por 12 de altura, que seria "a única missão construída a base de pedra", afirmou a UFA em comunicado.
Os restos foram encontrado no lugar onde se estabeleceu a primeira missão franciscana na Flórida, chamada "Nombre de Dios", a que ficou mais tempo no sudeste do atual estado, já que permaneceu ativa desde 1587 até 1760.
Como a cidade mais antiga dos Estados Unidos, Santo Agostinho abrigou alguns dos primeiros assentamentos de europeus no país e é muito possível que as ruínas sejam de uma igreja encarregada pelo governador da Flórida em 1677, acrescentou.
Sob a direção da diocese católica de Santo Agostinho, a igreja foi construída em homenagem a Nossa Senhora do Leite e do Bom Parto, que foi erguida ao redor de 1650.
Depois que assaltantes ingleses a destruíram em 1728, as ruínas ficaram enterradas e esquecidas.
Miami - Uma equipe de arqueólogos americanos da Universidade da Flórida descobriu em Santo Agostinho as ruínas de uma igreja de mais de 300 anos que pertenceu a uma missão da época colonial espanhola, informou nesta sexta-feira o centro.
Os arqueólogos acreditam que pode se tratar da estrutura de pedra mais antiga da época colonial espanhola e de uma das maiores igrejas de missões construídas nesse período na Flórida.
Os pesquisadores do Museu de História Natural da Flórida descobriram pedras de coquina e alicerces pertencentes a uma estrutura de 27 metros de comprimento por 12 de altura, que seria "a única missão construída a base de pedra", afirmou a UFA em comunicado.
Os restos foram encontrado no lugar onde se estabeleceu a primeira missão franciscana na Flórida, chamada "Nombre de Dios", a que ficou mais tempo no sudeste do atual estado, já que permaneceu ativa desde 1587 até 1760.
Como a cidade mais antiga dos Estados Unidos, Santo Agostinho abrigou alguns dos primeiros assentamentos de europeus no país e é muito possível que as ruínas sejam de uma igreja encarregada pelo governador da Flórida em 1677, acrescentou.
Sob a direção da diocese católica de Santo Agostinho, a igreja foi construída em homenagem a Nossa Senhora do Leite e do Bom Parto, que foi erguida ao redor de 1650.
Depois que assaltantes ingleses a destruíram em 1728, as ruínas ficaram enterradas e esquecidas.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Sucesso da civilização inca se deve a dejetos de lhamas, diz estudo
Restos deixados pelos animais teriam sido cruciais para a transição dos incas à agricultura.
Machu Picchu, a famosa cidade inca nos Andes peruanos, celebrará em julho o centenário de sua "descoberta" pelo mundo exterior, em um evento imponente, mas há indicativos de que as origens do local tenham sido menos glamourosas.
Segundo pesquisa publicada no periódico Antiquity, especializado em arqueologia, a civilização inca pode ter crescido e evoluído graças aos dejetos das lhamas.
Foi a transição da caça e coleta à agricultura, 2,7 mil anos atrás, que permitiu aos incas se acomodar e prosperar na área de Cuzco onde fica Machu Picchu, diz o autor do estudo, Alex Chepstow-Lusty.
O pesquisador do Instituto Francês de Estudos dos Andes em Lima afirma que o desenvolvimento da agricultura e o plantio de milho é um fator crucial para o crescimento de civilizações. "Cereal faz as civilizações", diz.
Chepstow-Lusty passou anos analisando os depósitos orgânicos na lama de um pequeno lago chamado Marcaccocha, que fica localizada entre uma selva e Machu Picchu.
Sua equipe encontrou uma correlação entre as primeiras aparições de colheitas de milho entre 7000 a.C. - o que mostra a primeira vez que o cereal teria sido plantado naquela altitude - e um aumento vertiginoso no número de parasitas que se alimentam de excrementos animais.
Os pesquisadores concluíram que a transição ampla à agricultura só foi possível com um ingrediente extra: fertilizantes orgânicos usados em grande escala.
Em outras palavras, muitos dejetos de lhamas.
Faz muito tempo que a civilização acabou, destruída por conquistadores espanhóis nos anos 1500. Mas seus descendentes, os quéchuas, ainda usam os dejetos de lhama como fertilizantes e como combustível para aquecimento.
"O vale está repleto de indígenas que seguem esse estilo de vida de 2 mil anos", relata Chepstow-Lusty.
Machu Picchu, a famosa cidade inca nos Andes peruanos, celebrará em julho o centenário de sua "descoberta" pelo mundo exterior, em um evento imponente, mas há indicativos de que as origens do local tenham sido menos glamourosas.
Segundo pesquisa publicada no periódico Antiquity, especializado em arqueologia, a civilização inca pode ter crescido e evoluído graças aos dejetos das lhamas.
Foi a transição da caça e coleta à agricultura, 2,7 mil anos atrás, que permitiu aos incas se acomodar e prosperar na área de Cuzco onde fica Machu Picchu, diz o autor do estudo, Alex Chepstow-Lusty.
O pesquisador do Instituto Francês de Estudos dos Andes em Lima afirma que o desenvolvimento da agricultura e o plantio de milho é um fator crucial para o crescimento de civilizações. "Cereal faz as civilizações", diz.
Chepstow-Lusty passou anos analisando os depósitos orgânicos na lama de um pequeno lago chamado Marcaccocha, que fica localizada entre uma selva e Machu Picchu.
Sua equipe encontrou uma correlação entre as primeiras aparições de colheitas de milho entre 7000 a.C. - o que mostra a primeira vez que o cereal teria sido plantado naquela altitude - e um aumento vertiginoso no número de parasitas que se alimentam de excrementos animais.
Os pesquisadores concluíram que a transição ampla à agricultura só foi possível com um ingrediente extra: fertilizantes orgânicos usados em grande escala.
Em outras palavras, muitos dejetos de lhamas.
Faz muito tempo que a civilização acabou, destruída por conquistadores espanhóis nos anos 1500. Mas seus descendentes, os quéchuas, ainda usam os dejetos de lhama como fertilizantes e como combustível para aquecimento.
"O vale está repleto de indígenas que seguem esse estilo de vida de 2 mil anos", relata Chepstow-Lusty.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Tumba do general de Tutancâmon está aberta ao público
A tumba da necrópole de Saqqara conserva relevos que contam a história e as conquistas de Horemheb
CAIRO - A tumba do general Horemheb, que comandou o Exército de Tutancâmon antes de se tornar faraó, está aberta para visitação a partir de segunda-feira, 23, junto a outros cinco sepulcros de nobres do Império Novo (1539-1075 a.C) do Antigo Egito.
Situada à sombra da pirâmide escalonada de Djoser, a mais antiga do Egito, a tumba da necrópole de Saqqara ainda conserva relevos que contam a história e as conquistas de Horemheb quando era comandante do Exército de Tutancâmon (1336-1327 a.C.).
Nas paredes das três salas, podem-se ver hieróglifos que narram a vida deste general de origem humilde, que se tornou o faraó que devolveu ao Egito a normalidade depois dos conturbados anos do reinado de Akenatón.
O ministro de Estado para as Antiguidades egípcio, Zahi Hawas, com seu inseparável chapéu de abas largas ao estilo Indiana Jones, guiou os jornalistas através da tumba, que começou a ser escavada em 1975.
Sob um calor sufocante e diante dos olhares atentos dos policiais, que vigiavam o local montados em camelos, Hawas apresentou as outras cinco tumbas que formam o único complexo funerário do Império Novo em Saqqara, onde a maioria de sepulcros pertence ao Império Antigo (2575-2150 a.C.).
Tais sepulturas pertencem ao tesoureiro de Tutancâmon, Maya; aos nobres Merineiz e Phahemia; à família Raia (pai e filho); e ao militar Tia, que foi subordinado a Ramsés II (1304 a.C. a 1237 a.C.).
Hawas reiterou que os túmulos são "únicos" porque revelam como os nobres do Império Novo queriam ficar perto da antiga capital egípcia de Mênfis, perto de Saqqara, embora a nova capital se encontrasse em Tebas, a atual Luxor, quase 700 quilômetros ao sul. Estes sepulcros sofreram inúmeros saques durante o século XIX, e muitos de seus tesouros foram tirados do Egito.
CAIRO - A tumba do general Horemheb, que comandou o Exército de Tutancâmon antes de se tornar faraó, está aberta para visitação a partir de segunda-feira, 23, junto a outros cinco sepulcros de nobres do Império Novo (1539-1075 a.C) do Antigo Egito.
Situada à sombra da pirâmide escalonada de Djoser, a mais antiga do Egito, a tumba da necrópole de Saqqara ainda conserva relevos que contam a história e as conquistas de Horemheb quando era comandante do Exército de Tutancâmon (1336-1327 a.C.).
Nas paredes das três salas, podem-se ver hieróglifos que narram a vida deste general de origem humilde, que se tornou o faraó que devolveu ao Egito a normalidade depois dos conturbados anos do reinado de Akenatón.
O ministro de Estado para as Antiguidades egípcio, Zahi Hawas, com seu inseparável chapéu de abas largas ao estilo Indiana Jones, guiou os jornalistas através da tumba, que começou a ser escavada em 1975.
Sob um calor sufocante e diante dos olhares atentos dos policiais, que vigiavam o local montados em camelos, Hawas apresentou as outras cinco tumbas que formam o único complexo funerário do Império Novo em Saqqara, onde a maioria de sepulcros pertence ao Império Antigo (2575-2150 a.C.).
Tais sepulturas pertencem ao tesoureiro de Tutancâmon, Maya; aos nobres Merineiz e Phahemia; à família Raia (pai e filho); e ao militar Tia, que foi subordinado a Ramsés II (1304 a.C. a 1237 a.C.).
Hawas reiterou que os túmulos são "únicos" porque revelam como os nobres do Império Novo queriam ficar perto da antiga capital egípcia de Mênfis, perto de Saqqara, embora a nova capital se encontrasse em Tebas, a atual Luxor, quase 700 quilômetros ao sul. Estes sepulcros sofreram inúmeros saques durante o século XIX, e muitos de seus tesouros foram tirados do Egito.
terça-feira, 22 de março de 2011
Um dia 22 de Março, há 43 anos
Passeatas de estudantes, professores, operários e diversos grupos sacudiram a França
No dia 22 de março de 1968, os estudantes da Universidade de Nanterre (Paris X) ocuparam as instalações da Faculdade de Letras, em protesto contra a repressão que havia se abatido sobre alguns colegas, que haviam se manifestado contra a guerra do Vietnã.
Esse protesto estudantil acabou se transformando numa espécie de estopim para os acontecimentos que sacudiram a França nos meses seguintes e que tiveram o seu clímax em maio daquele ano, quando aconteceram passeatas, greves, barricadas nas ruas, enfrentamentos com a polícia, ocupações de fábricas e intensa crise governamental. Esses turbulentos movimentos recuaram a partir de junho. Ao longo desses meses, além da França, diversos movimentos estudantis e juvenis também abalaram governos e sociedades em diversos continentes deixando autoridades e intelectuais atônitos com a sua dimensão e a velocidade dos acontecimentos.
As greves e ocupações de fábricas e universidades sacudiram a França em maio de 1968
Até hoje, passadas quatro décadas desses acontecimentos, os estudiosos se dividem quanto aos significados de todas aquelas movimentações. Fugindo aos parâmetros mais nítidos de movimentos de classe, emergiram diversas lutas, que tiveram como foco uma miríade de questões, que iam algumas situações mais próprias do mundo do trabalho, a outras, ligadas à liberação sexual, às lutas de minorias étnico-culturais, às questões da juventude, aos incipientes protestos ambientalistas, entre outras.
Práticas políticas, pixações e palavras de ordem desconcertantes, abalavam os dogmas mais estabelecidos à direita e à esquerda. "Debaixo dos paralelepípedos, a praia", "Sejam realistas, exijam o impossível", "A imaginação toma o poder" eram marcas de novas formas de exercício de lutas sociais, políticas e culturais, que deixaram um legado ainda não devidamente compreendido. Esgotamento de lutas passadas ou prenúncio de lutas futuras? Qual o significado daqueles acontecimentos que se desenrolaram a partir daquele dia 22 de março, no qual se iniciava a primavera na França? O debate continua.
A barricada fecha as ruas, mas abre os caminhos, um dos lemas dos agitados dias de 68
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